19/05/2017 - 19:00
Entra crise, sai crise, e o Brasil continua sendo maior que o buraco. Então, por que mudar o que está errado na política, na economia, no governo e no setor privado se, no final, dá-se um jeitinho e tudo continua igual, com privilégios para poucos e sacrifícios para muitos? Essa estranha lógica dos conformistas precisa mudar. É preciso defender o avanço gradual da sociedade brasileira em qualquer tempo, em qualquer governo, em qualquer ambiente e em todas as esferas, públicas e privadas. Não se deixa, de uma hora para outra, o status de País mais corrupto e com o pior ambiente para se fazer negócios em todo o planeta. Mas é preciso seguir adiante com as reformas estruturais e dar um passo de cada vez, reconhecendo a necessidade de implementar mudanças profundas que terão impacto positivo no longo prazo, em benefício de todos. Nesse sentido, assim como a Lava Jato não pode parar, a agenda de reformas do Governo Temer não pode ser jogada fora diante de uma nova crise política, detonada pela delação de Joesley Batista, do Grupo J&F.
As reformas da Previdência, das relações trabalhistas e dos tributos, em andamento no Congresso Nacional, precisam continuar, por mais difícil que isso possa ser. Primeiro, porque todos os governos anteriores, de FHC a Lula e Dilma, tentaram, de um modo ou de outro, reformar essas áreas para dar mais solidez às finanças públicas, aumentar a confiança dos empresários e investidores e reduzir o custo Brasil. As reformas estruturais são absolutamente necessárias e isso não vai mudar se este governo chegar a 2018 ou não. As reformas não são um patrimônio de nenhum governo específico, mas de toda a nação. Estavam sendo negociadas de forma democrática pelos parlamentares e o Planalto e, mesmo que alteradas em pontos importantes, prometiam efeitos benéficos para a economia e a população. Os deputados e senadores precisam ter isso em mente nesse momento de crise, independentemente de suas convicções ideológicas e políticas partidárias. Ou a crise será ainda pior no futuro.
A brutal desvalorização dos ativos brasileiros na quinta-feira 18 revela o óbvio: esvaneceu-se a confiança nas reformas, e portanto, na solvência das finanças públicas no longo prazo e no aumento da competitividade da economia. Essa confiança havia sido reconstruída no primeiro ano da gestão Temer e começava a gerar resultados positivos, como a alta do PIB no primeiro trimestre e a geração de quase 60 mil empregos com carteira assinada em abril, além da saudável queda da inflação e dos juros. Mais do que um governo de A, B ou C, o que está em jogo é o futuro do Brasil. Portanto, seriedade e serenidade são essenciais neste momento, e não decisões intempestivas, como o bloqueio das reformas pela oposição ou a desistência dos projetos pela base aliada.
Em seu pronunciamento à Nação no dia seguinte ao vazamento da gravação clandestina de Joesley Batista, o presidente Michel Temer lamentou o súbito retrocesso nas expectativas, que ameaça a retomada da economia. “Nós não podemos jogar no lixo da História tanto trabalho feito em prol do País”, afirmou, com razão.
A reformas não podem parar.