O Rio de Janeiro se despede da Olimpíada e da Paralimpíada muito melhor. Difícil calcular o efeito que o maior evento esportivo do mundo produziu na cidade carioca, que começou os Jogos desacreditada, com ameaça de epidemia de zika vírus e alerta de insegurança e caos na organização, mas logo na celebração de abertura demonstrou que teria estatura para sediar a festa. Os ganhos são muitos. A Rio-2016 recuperou fortemente a autoestima dos brasileiros, alquebrada há anos, resgatou a imagem do País no Exterior e permitiu que todos pudessem acreditar num futuro promissor. Afinal, se conseguimos produzir um evento tão grandioso, impondo nosso estilo e encantando o mundo, somos capazes de tudo.

DESMONTAGEM Funcionários retiram tapumes olímpicos na Praça XV: o evento acabou, mas o legado é imenso
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NOVOS POLOS

Dados já mostram o efeito concreto da Olimpíada e da Paralimpíada para a cidade. Segundo a RioTur, houve grande aumento dos fluxos turístico e comercial, impulsionados pelos 1,17 milhão de visitantes que gastaram cerca de R$ 5 bilhões. A hotelaria carioca teve ocupação de 94% , quase 30% a mais que outros meses. Além disso, novos centros turísticos foram criados na capital fluminense. Um dos legados dos Jogos que os cariocas mais gostam é o Porto Maravilha, com aproximadamente 3,5 km de extensão na região Portuária. Alí fica o Boulevard Olímpico, eleito o melhor local turístico durante o evento. Com dois museus e um novo meio de transporte, o VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), o espaço manterá sua vocação de point para comemorações e festas. Ficam os palcos ao ar livre e entram na cena, em outubro, 53 quiosques de bares e restaurantes. Em novembro, será inaugurado o AquaRio, anunciado como o maior aquário marinho da América do Sul. Mas não foi apenas a Praça Mauá que subiu no ranking de destinos turísticos do Rio: também a Barra da Tijuca passou a ser mais procurada devido à facilidade de mobilidade, outra herança olímpica. Agora, a Linha 4 do metrô vai de  Ipanema, na zona sul, à Barra. Todos estes novos pontos turísticos realizarão festas de réveillon.Apesar do ambiente favorável, o Estado tem o enorme desafio de resolver as contas públicas. O Rio recebeu um aporte do governo federal de R$ 3 bilhões, o que serviu para diminuir o déficit orçamentário estadual em torno de R$ 19 bilhões. O maior custo do governo fluminense é o pagamento de folha dos servidores ativos, inativos e pensionistas – que está atrasado – e representa R$ 12 dos R$ 19 bilhões do déficit fiscal deste ano.

As frustrações da Paralimpíada

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Nos Jogos Paralímpicos 2016, o Brasil não alcançou a meta, que era o 5º lugar no placar geral, e terminou na 8º posição. O que eleva um país no ranking é o número de medalhas de ouro. Isso explica porque a delegação brasileira esteve, este ano, 29 vezes a mais no pódio e, ainda assim, tenha piorado um número em relação a Londres 2012, quando ficou em 7º lugar. Das 72 condecorações recebidas no Rio, 14 foram de ouro, 7 a menos do que nos últimos Jogos, quando alcançou 21 primeiros lugares, com 43 medalhistas. A delegação brasileira aumentou, este ano, as pratas (29 contra 14 em 2012) e os bronzes (29 versus 8). Porém, superada essa frustração, há muitos pontos positivos na participação do Brasil. Por exemplo, ter ampliado de 7 para 13 o número de modalidades com prêmios, o que permite sonhar com um bom prognóstico para Tóquio 2020. No ranking histórico, conquistamos três degraus: saímos do 26º lugar para o 23º. Não entramos no top five, mas isso não é o mais importante agora. Sabemos que temos paratletas extremamente competitivos e que uma nova geração de campeões surgiu nos Jogos Rio-2016.