O dólar desacelerou a alta ante o real nesta terça-feira, 27, após o pronunciamento de defesa do presidente do Michel Temer, que foi denunciado ontem pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva. Segundo o operador da corretora Multimoney Durval Corrêa, a defesa foi razoável. “Essa prova é muito frágil, não tem nada que comprove”, disse o operador. No discurso, Temer disse que é preciso ter comprovações. Além disso, o enfraquecimento generalizado do dólar ante moedas principais e melhora das commodities contribuíram para o fechamento do dólar com alta moderada.

Para Fernando Oliveira, diretor de câmbio da Abrão Filho, os termos utilizados por Janot foram bem fortes. “Dizer que Temer aceitou R$ 500 mil e pediu para ir buscar é grave”, pontuou. No entanto, segundo especialistas, o temor não gira tanto em torno das denúncias em si, mas o quanto elas podem atrasar as reformas trabalhista e da Previdência.

Em seu pronunciamento de defesa, Temer atacou Janot por ter feito a denúncia contra ele, fez ataques a um ex-funcionário do Ministério Público e também ao delator Joesley Batista.

“A questão central das denúncias é o fato de elas terem sido fatiadas, o que poderá gerar mais incertezas, atrasar as reformas e, com isso, desgastar a base do governo, que ficará sem apoio para as aprovações”, explicou Oliveira, da Abrão Filho. Ainda assim, ele destacou dois motivos para o dólar não ter tido valorização maior. O primeiro deles é que o mercado está cada vez mais centrado nas aprovações das reformas trabalhista e da Previdência, “não importando” tanto em relação a Temer.

Outro ponto destacado é que o dólar subiu muito em meados de maio diante do escândalo de corrupção da JBS envolvendo Temer. “O dólar já teve um ajuste grande depois das delações. Além disso, o que tem limitado a alta do dólar é a economia, com a inflação controlada e emprego e PIB melhorando”, pontuou o diretor.

Outros fatores que aliviaram pressão da moeda americana vieram do exterior. Hoje foi mais um dia de avanço acentuado das commodities, com destaque para o minério de ferro e o petróleo. Além disso, o dólar caiu com força ante as principais moedas, principalmente em relação ao euro, depois que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, sinalizou que os estímulos econômicos podem ser reduzidos em breve.

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No mercado à vista, o dólar terminou em alta de 0,41%, aos R$ 3,3152. O giro financeiro registrado somou US$ 1,00 bilhão. Na mínima, ficou em R$ 3,2985 (-0,09%) e, na máxima, aos R$ 3,3344 (+0,98%).

No mercado futuro, o dólar para julho subiu 0,48%, aos R$ 3,3170. O volume financeiro movimentado somou de US$ 17,22 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,3015 a R$ 3,3380.


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