Duas graves questões no campo da saúde pública estão colocadas no Brasil. A primeira é antiga e só faz inchar: trata-se do constante aumento no consumo de bebida alcoólica, e por uma faixa etária cada vez mais jovem. O segundo problema é novo e nasce do tubo de ensaio no qual se mistura ignorância e irresponsabilidade.

A OMS acaba de divulgar dados alarmantes: aumentou em 43,5% a ingestão de álcool no País na última década, e se começa a beber em média com 15 anos de idade nas grandes cidades – em suas periferias bebe-se a partir dos nove anos. Em 2006, cada brasileiro consumia anualmente 6,2 litros. Em 2016 esse índice subiu para 8,9 litros. Os números se tornam ainda mais preocupantes se destacarmos dois aspectos.

O primeiro é o trágico crescimento no número de pessoas que morrem, em todo o mundo, em decorrência de bebida alcoólica: 3,3 milhões de mortes anuais, o equivalente 5,9% da totalidade de óbitos no planeta. O segundo ponto é que o consumo de álcool pelos jovens (sobretudo em baladas nas quais vão para beber, embora já cheguem bêbados) está diretamente ligado à transmissão de doenças sexuais, levando o Brasil a ostentar o triste título de país que mais transmite HIV na América do Sul. Também aumentam assustadoramente os casos de sífilis, clamídia e HPV. A intoxicação (sobretudo crônica) pelo álcool é o principal fator de desleixo no uso de preservativo na relação sexual.

O segundo (e novo) problema na saúde pública refere-se à onda de grupos de pais que se recusam a vacinar os filhos, alegando risco de efeitos indesejados ou colaterais na vacinação — destaque-se que tal argumento não tem a menor base científica. O tolo modismo contra as vacinas nasceu na Europa, e é bom que aqueles que o estão seguindo por aqui recebam a seguinte informação: cerca de dez mil pessoas no continente europeu foram contaminadas num surto de sarampo.

O que dizer de pais que se recusam a vacinar seus filhos, por exemplo, contra a poliomielite — enfermidade que pode levar à paralisia permanente? No SUS, já é sensível a queda na procura pelo imunizante tríplice viral contra sarampo, caxumba e rubéola. A situação é de emergência e a Justiça deve responsabilizar, nas esferas civil e criminal, adultos que assim procedem com crianças. Quanto à bebida alcoólica, solução igualmente emergencial é taxá-la com altos impostos que podem (por que não?!) ser revertidos em abatimento de preço de medicamentos e de produtos alimentícios.

A Justiça deve punir, nas esferas civil e criminal, adultos que não vacinam seus filhos

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