O último debate antes da votação em primeiro turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, promovido na noite de ontem pela TV Globo, foi marcado por uma espécie de “dobradinha” entre o candidato do PSDB, João Doria, e a candidata do PMDB, Marta Suplicy.

Na busca por uma vaga no segundo turno, a peemedebista evitou entrar em confronto direto com o tucano, líder da disputa na capital paulista, que, na avaliação das campanhas adversárias, já teria assegurado a vaga na etapa final da campanha.

Em pelo menos quatro momentos, Marta e Doria trocaram impressões críticas à administração do prefeito e candidato à reeleição Fernando Haddad (PT) sobre ações na periferia, habitação, pichações e saúde pública.

Conforme a mais recente pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, divulgada anteontem, Doria tem 28% das intenções de voto, seguido por Celso Russomanno (PRB), com 22%; Marta aparece com 16%, em empate técnico com Haddad (13%). A candidata do PSOL, a ex-prefeita Luiz a Erundina, está com 5% das intenções de voto.

No primeiro bloco, a candidata do PMDB perguntou para Doria com tema livre. Ambos formaram uma tabelinha para atacar a gestão de Haddad, mas sem citá-lo nominalmente.

“Na atual gestão, a Prefeitura virou as costas para a periferia. Não entregou o que prometeu. Dos 20 CEUs (Centros Educacionais Unificados), entregou um, das 49 UBS (Unidades Básicas de Saúde), entregou muito menos. Qual é a sua proposta para a periferia?”, questionou a peemedebista. “A Prefeitura prometeu muito e cumpriu pouco. Deixou a desejar. Não é justo que mais de 500 mil pessoas estejam esperando por exames. Não é razoável que mais de 103 mil crianças estejam fora das creches”, respondeu Doria.

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Marta então emendou prometendo: “Vamos entregar muito do que foi prometido pela gestão anterior”. “Vamos entregar 14 CEUs (criados na gestão Marta).” O tucano encerrou a sequência exaltando o CEU. “Considero o CEU um bom programa, que você iniciou e o prefeito Haddad tentou ampliar, mas não conseguiu.”

Ao fim do debate, o tucano negou a “dobradinha”. “Não teve entendimento prévio entre mim e a Marta. A disputa dela é com Haddad e Russomanno.”

Para o petista, a estratégia é tirá-lo do segundo turno. “Talvez Doria não queira me enfrentar no segundo turno”, disse.

Em seguida, Russomanno perguntou para Erundina sobre políticas para pessoas com deficiência. Ela aproveitou a deixa para criticar contra Doria, que na campanha disse que acabaria com a secretaria do setor, mas depois recuou. “Sabemos que grupos especiais precisam de uma atenção especial. Tem outro candidato entre nós aqui que ameaçou acabar com a secretaria que existe de atenção ao segmento de pessoas com deficiência. Isso é um retrocesso, uma insensibilidade.”

Nacionalização. Na estratégia de nacionalizar o debate, Erundina mais uma vez tentou colar em Marta a gestão do presidente Michel Temer. “O presidente ilegítimo, o seu presidente, editou uma medida provisória modificando o ensino médio no País, alternando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Isso mediante uma medida provisória, sem nenhum debate. O que acha?”, questionou.

Marta fez uma defesa discreta de Temer, mas criticou a medida de forma pontual. Nas últimas semanas, a campanha da senadora identificou que a estratégia do PT de colar nela a administração federal surtiu efeito. “Acredito que podia ser mais debatido popularmente. Em linhas gerais é uma medida interessante porque diminui o número de cadeiras que os alunos vão ter acesso.” Erundina seguiu batendo na mesma tecla e reclamou da extinção de disciplinas como Sociologia, Filosofia, Artes, Educação Física. “Isso vai empobrecer o ensino.”

A senadora então recuou e gaguejou na resposta. “Concordo com parte do que você colocou. Várias coisas que foram eliminadas vão ter de ser repensadas.”

No último bloco as duas ex-petistas voltaram a se enfrentar quando Erundina culpou as medidas econômicas do governo Temer pela crise e Marta rebateu dizendo que a responsabilidade é do governo da presidente cassada Dilma Rousseff (PT). No final Haddad e Russomanno fizeram um debate direto tendo como tema os aplicativos de transporte tipo Uber. No início da campanha Russomanno chegou a dizer que proibiria o aplicativo mas depois recuou.


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