O chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta sexta-feira, 24, que a alta da dívida líquida brasileira, de 46,0% em dezembro para 46,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em janeiro, ocorreu em função da apreciação cambial. “Temos questão da valorização em reais da posição desta dívida líquida. O câmbio se apreciou e a dívida líquida aumentou”, explicou. “Como a dívida bruta não considera as reservas internacionais, a variação cambial não impactou”, disse.

De fato, de dezembro para janeiro, a dívida bruta do Governo Geral passou de 69,6% para 69,7% do PIB – uma mudança marginal.

A projeção do BC para a dívida líquida em fevereiro é de 47,4% do PIB. Este cálculo foi feito com base em um câmbio a R$ 3,08. Já a projeção para dívida bruta em fevereiro é de 70,5% do PIB.

Reservas

Durante coletiva de imprensa, Rocha foi questionado a respeito do fato de a dívida líquida ter subido de dezembro para janeiro, a despeito do superávit primário recorde registrado no mês passado. A questão colocada era se o aumento da dívida, mesmo com superávit, não colocava em discussão o nível das reservas do País, responsável por esta elevação da dívida líquida em janeiro.

De acordo com Rocha, “o debate sobre o nível ótimo das reservas existe e há argumentos fortes tanto para um lado quanto para outro”. Segundo ele, porém, não há hoje uma metodologia econômica para se definir o nível ótimo de reservas para a defesa de um país contra ataques cambiais, por exemplo.

Elasticidade

O chefe adjunto do Departamento Econômico do BC apresentou também a elasticidade da Dívida Líquida do Setor Público (DLDP) ante o PIB em relação às variáveis que interferem em seu resultado. No caso do câmbio, cada 1% de variação tem impacto imediato de 0,15 ponto porcentual (pp) em sentido oposto, o que equivale a R$ 9,5 bilhões.

No caso da Selic, a cada 1 pp de alteração mantida por 12 meses tem reflexo de 0,38 pp na DLSP/PIB no mesmo sentido, o que representa R$ 22,2 bilhões em valores correntes.

Já cada alta ou baixa da inflação (basicamente IPCA) de 1 pp mantido por 12 meses tem impacto 0,15 pp no mesmo sentido na DLDP/PIB, ou R$ 15 bilhões em valores nominais.