Uma equipe de arqueólogos egípcios descobriu 17 múmias em catacumbas na província de Menia, um achado “sem precedentes” para esta região do centro do país, no coração de um sítio arqueológico desértico.

As autoridades egípcias, que buscam relançar a atividade turística no país dos faraós, multiplicaram nos últimos meses os anúncios sobre as descobertas de novos vestígios arqueológicos.

“Descobrimos catacumbas onde havia algumas múmias”, disse em uma coletiva de imprensa Salah al Juli, chefe da equipe de arqueólogos que fez a descoberta na região desértica de Tuna el Yebel, situada na governadoria de Menia, 200 quilômetros ao sul do Cairo.

Este “esconderijo de múmias” que não pertencem à realeza, um labirinto de corredores subterrâneos, abrigava “17 múmias e alguns sarcófagos” escavados em pedra ou argila, segundo um comunicado do ministério das Antiguidades, distribuído durante a coletiva de imprensa.

Os arqueólogos também encontraram “caixões de animais” e “dois papiros escritos em demótico”, uma forma de escrita hieroglífica simplificada utilizada durante as últimas dinastias faraônicas no Egito e até o início da era romana.

As múmias descobertas poderiam datar do período tardio (712-332 aC.), segundo o comunicado, mas a porta-voz do ministério, Nevine al Aref, afirmou que também poderiam remontar à era da dinastia ptolomaica (até 330-30 a.C.), última dinastia antes que o Egito passasse ao domínio romano.

No lugar, ânforas e outras panelas de barro estavam expostas em um pequeno armário exumado nas escavações, constatou um jornalista da AFP.

– Sem precedentes –

“É uma descoberta importante, sem precedentes”, disse por sua vez à AFP Mohamed Hamza, chefe das escavações, dirigidas pela Universidade do Cairo.

“Esta é a primeira necrópole (…) encontrada no centro do Egito com tantas múmias”, disse Juli. “Isso pode indicar a presença de uma necrópole muito maior”, disse.

“É uma descoberta que remonta ao período greco-romano”, indicou Hamza, ressaltando que o sítio arqueológico de Tuna el Yebel abriga restos que datam desta época, “entre o século III a.C e III d.C”.

Além disso, o ministério anunciou em seu comunicado a descoberta em um sítio vizinho “de templos funerários romanos esculpidos em barro, nos quais foram encontradas moedas, (…) e outros objetos domésticos”.

O Egito autorizou recentemente vários projetos arqueológicos na esperança de fazer novas descobertas, num momento em que o setor turístico, pilar da economia egípcia, não consegue decolar, depois de vários atentados no ano passado.