Em meio à crise política envolvendo o presidente Michel Temer (PMDB), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), dá sinais de que foi mordido pela mosca azul – expressão usada para designar o desejo irrefreável de qualquer político pela cadeira presidencial. De início discreto, ela agora faz o diabo, e à luz do dia, para alçar voos mais altos. Nos últimos dias, aumentou as articulações em direção ao Palácio do Planalto. Essa estratégia de Maia, no entanto, não é consenso nem dentro do seu partido,

o Democratas, que já começou uma luta fratricida pela sucessão presidencial. Maior expoente da legenda no Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO) vem trabalhando para ser o candidato do partido em eleições diretas e defende inclusive que o pleito direto seja antecipado caso Temer seja afastado. Ou seja, seus planos se chocam com os acalentados por Maia. “A melhor saída para o País é a antecipação das eleições gerais. Não podemos mais viver de remendos”, disse Ronaldo Caiado. Ele trabalha nos bastidores para inviabilizar as pretensões de Maia de assumir a Presidência por eleição indireta – o que o encaminharia para concorrer à reeleição em 2018. Para o ruralista, bom de voto e candidato à Presidência em 1989, quando enfrentou Lula e Collor, chegou a sua vez.

Discutir a relação

Antes de resolver a cizânia interna, porém, o DEM, que controla o Ministério da Educação, ainda precisa definir sua própria situação dentro do governo Temer.

“Não pode açodar, primeiro tem que resolver essa questão do Temer”, afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (RS). “Esse assunto da sucessão com Rodrigo Maia sequer é considerado”, faz coro José Agripino, presidente nacional do DEM. Segundo Lorenzoni, dos 29 deputados, 60% devem manter a fidelidade a Temer ao examinar a denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot, no plenário da Câmara. Em razão do racha, um grupo de deputados, além de Ronaldo Caiado, passou a trabalhar pela realização de uma reunião da Executiva do DEM a fim de discutir a relação com o governo. “Pode-se criticar o PSDB porque se reúne e decide não decidir, mas, pelo menos, os tucanos se reúnem e discutem”, sapecou o deputado Luiz Henrique Mandetta (RS), integrante do grupo independente. Não que isso represente uma grande vantagem.

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