As vendas dos supermercados brasileiros estão se estabilizando depois de um período de retração que começou no ano passado, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O presidente do Conselho Consultivo da entidade, Sussumu Honda, considerou que a perspectiva para o restante deste ano ainda não é otimista a ponto de se esperar crescimento de vendas ante 2015, mas avaliou que a queda na demanda dos consumidores parece ter chegado ao fim.

“Queremos acreditar que o fundo do poço tenha passado”, disse. “Não estamos falando em crescimento ainda, mas talvez em estabilização”, comentou.

As vendas dos supermercados brasileiros acumulam alta real de 0,24% entre janeiro e abril deste ano na comparação com os mesmos meses de 2016, de acordo com a Abras. O setor vinha registrando queda nas vendas acumuladas desde julho de 2015.

A análise do acumulado de janeiro a abril, destacou Honda, é importante porque elimina efeitos de calendário relacionados à Páscoa. Considerando-se apenas as vendas do mês de abril, houve queda real de 2,5% ante igual mês de 2015, mas a Páscoa teve mais impacto este ano nas vendas em março, enquanto no ano passado ela impulsionou mais os resultados de abril.

A Abras ainda não revisou sua projeção para as vendas em 2016, que por enquanto ainda é de queda de 1,8% ante 2015. De acordo com Honda, a entidade aguarda o encerramento do primeiro semestre antes de revisar os dados.

Entre os fatores que explicam essa expectativa de fim do ciclo de retração nas vendas, Honda mencionou a melhora nas expectativas dos brasileiros sobre a economia e a formação de uma nova equipe econômica sob o governo do presidente em exercício Michel Temer. Ele considerou, porém, que a perspectiva para o emprego segue ruim e que este é um elemento que afeta diretamente o setor.

“Ainda vemos uma alta do desemprego pela frente, mas há janelas que o novo governo pode abrir, já que este é um governo cuja equipe econômica tem tido mais credibilidade”, concluiu. Para o membro do conselho da Abras, a apresentação de novas medidas para a economia tende a “dar um norte” para os investimentos do setor privado.