O contador Florisvaldo Caetano de Oliveira, apontado como homem do grupo J&F responsável pelas entregas de dinheiro a políticos, relatou em seu acordo de colaboração com a Procuradoria-Geral da República (PGR) ao menos dois encontros com João Baptista Lima Filho, amigo pessoal do presidente Michel Temer.

De acordo com o delator, o primeiro encontro teve como objetivo conhecer o destinatário, chamado de “coronel”, e combinar a forma de entrega dos valores. No segundo encontro, por sua vez, Oliveira afirma ter entregado R$ 1 milhão em espécie para Lima Filho.

“(..)Por determinação de Ricardo Saud, o depoente entregou 1 milhão de reais no seguinte endereço: Rua Juatuba, Vila Madalena, São Paulo, num escritório cuja titularidade o depoente desconhecia. Que o escritório era conhecido como sendo de alguém ligado a Michel Temer”, afirmou o delator em seu depoimento.

Outro delator, o diretor de relações Institucionais da J&F Ricardo Saud, responsável por solicitar os pagamentos à Lima Filho, entregou uma série de documentos à PGR comprovante que o endereço citado por Florisvaldo era o da empresa Argeplan, cujo dono é o amigo de Temer.

Coronel da Polícia Militar aposentado, Lima Filho é dono da Argeplan Arquitetura e Engenharia, empresa que faz parte de um consórcio que ganhou concorrência para executar serviços relacionados à usina de Angra 3 – cujas obras são investigadas na Operação Lava Jato.

A empresa finlandesa AF foi a vencedora de um contrato de R$ 162 milhões na Eletronuclear e, por exigência brasileira, subcontratou duas empresas locais: a Engevix e a AF Brasil – da qual a Argeplan faz parte.

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Lima era gestor do contrato com a Eletronuclear, pela parte da Argeplan. O contrato foi assinado em 2012 para serviços de eletromecânica.

O jornal O Estado de S. Paulo revelou, em maio de 2016, que a Lava Jato investiga se houve negociação de propina nesse negócio. As irregularidades envolvendo as obras da usina foram delatadas por executivos da UTC, da Andrade Gutierrez, da Camargo Corrêa e, recentemente, da Odebrecht.

Baptista Lima foi citado na tentativa de delação do sócio da Engevix, José Antunes Sobrinho Filho, como alguém que se apresentava como um interlocutor do então vice-presidente da República. O caso foi revelado pela revista Época, há um ano. Sobrinho Filho desistiu da delação depois da vinda à tona das revelações que ele prometia fazer.


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