O presidente Michel Temer teria participado de uma reunião em São Paulo para acertar o pagamento de US$ 40 milhões de propina em 2010, quando era candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, segundo a delação premiada de um dos ex-executivos da Odebrecht.
Em termo por escrito entregue aos investigadores da Operação Lava Jato, Márcio Faria da Silva disse que o encontro ocorreu no escritório político de Temer em São Paulo, localizado no bairro Alto de Pinheiros, no dia 15 de julho de 2010, por volta das 11h30. Silva, que na época era presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, disse que ficou “impressionado” com a naturalidade com que a propina fora cobrada por Temer.
O valor de US$ 40 milhões seriam correspondentes a 5% de um contrato da Odebrecht com a Petrobras. Além de Temer, participaram da reunião outro executivo da empreiteira, Rogério Araújo, e os então deputados federais Eduardo Cunha e Henrique Alves, ambos do PMBD, além do lobista João Augusto Henriques.

O presidente Michel Temer – AFP/Arquivos
“Foi a única vez que estive com Temer e Henrique Eduardo Alves, e fiquei impressionado pela informalidade com que se tratou na reunião do tema ‘contribuição partidária’, que na realidade era pura propina”, confessou o ex-executivo na delação.
Herdeiro e ex-presidente da Odebrechet, Marcelo Odebrecht também se referiu a esta reunião em depoimento à Java Lato. Ele disse que, na época, ouviu de seus auxiliares de que teria sido feito um pagamento indevido ao PMDB. Ele contou que chegou a ser questionado sobre o pagamento pela então presidente da Petrobras, Graça Foster, e pela própria Dilma Rousseff. Segundo Odebrecht, Dilma queria saber se Temer estava envolvido no caso. O executivo disse que respondeu, tanto a Graça quanto a Dilma, que membros do PT também teriam recebido a propina. Depois disso, elas não fizeram mais perguntas.
“Quando coloquei o PT no assunto, desarmei a questão. Como iam conduzir [uma investigação] se o partido estava envolvido?”, contou o ex-presidente da empreiteira em depoimento. Em um comunicado, a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência disse que Temer “jamais tratou de valores com o senhor Márcio Faria” e que o presidente “contesta de forma categórica qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos”.