O regime sírio enviou nesta terça-feira reforços militares a Deir Ezzor para tentar romper o cerco instaurado pelo grupo Estado Islâmico (EI) nesta cidade do leste, enquanto uma organização da ONU suspendeu a entrega de suprimentos.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), o exército sírio enviou, no quarto dia de uma ofensiva do EI, tropas em direção ao aeroporto militar de Deir Ezzor, que está nas mãos do regime, mas totalmente cercado pelos extremistas.

O exército também pediu aos habitantes que fossem à linha de frente, mesmo que não tivessem recebido treinamento militar, segundo o OSDH.

Por sua vez, Bettina Luescher, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PMA) indicou a jornalistas em Genebra que desde domingo a entrega de suprimentos aos habitantes de Deir Ezzor por via aérea foi suspensa.

“Suspendemos as operações aéreas em Deir Ezzor por razões de segurança operacional. Há combates dentro e ao redor da zona onde as mercadorias são lançadas (…) é simplesmente muito perigoso”, explicou.

Ela declarou que desde abril de 2016 o PMA lançou na zona 177 envios.

O grupo Estado Islâmico tomou em 2014 amplas zonas de Deir Ezzor e mantém sitiado desde janeiro de 2015 um setor controlado pelo regime, no oeste da cidade, onde vivem 100.000 pessoas, segundo a ONU.

Os habitantes só recebem suprimentos por via aérea, por isso a importância do aeroporto e a ofensiva do EI para tomá-lo.

Os extremistas conseguiram na segunda-feira isolar o aeroporto militar do resto dos bairros governamentais da cidade, segundo a televisão estatal síria.

Este setor é o único que não controlam em toda a província de Deir Ezzor, próxima ao Iraque e com gás e petróleo abundantes.

O geógrafo francês Fabrice Balanche, especialista na Síria, afirma que o controle do regime em Deir Ezzor alcançava 200 km2 entre a cidade, a zona desértica e o aeroporto, mas que o EI conquistou um terço deste território.

Segundo o OSDH, o EI utilizou “ondas” de bombas humanas no que é “o ataque mais violento” contra a cidade em mais de um ano.

Nos três dias de combates, ao menos 116 pessoas morreram, 21 delas civis, 37 combatentes do regime e 58 extremistas, acrescentou.