O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se tornou uma aposta para substituir Michel Temer caso o presidente seja afastado do cargo, ficou mais alinhado com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas ainda faz críticas ao nome de Ilan Goldfajn no Banco Central.

Diante da crescente perspectiva de que o Planalto terá dificuldades de reunir apoio parlamentar para barrar a denúncia contra Temer na Câmara e de agravamento do cenário político, a “opção Maia” (ou outro nome que mantenha a atual diretriz econômica e o compromisso com as reformas no Congresso) passou a ser considerada pelo mercado financeiro e setores econômicos.

Empresários e executivos de grandes empresas, além de analistas e consultorias do mercado, já trabalham com um cenário de substituição no Palácio do Planalto. A questão considerada fundamental é garantir a permanência da atual equipe comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Desde que assumiu a presidência da Câmara, em meados do ano passado, Maia – oriundo do mercado financeiro – já vinha mantendo reuniões frequentes com economistas na residência oficial da Casa, na Península dos Ministros, no Lago Sul. Essas conversas se intensificaram depois do agravamento da crise.

Ele sempre defendeu Mário Mesquita, ex-diretor de Política Econômica durante o período em que Meirelles presidia o Banco Central. Mesquita atualmente é o comandante da área econômica do maior banco privado do País, o Itaú Unibanco, cargo que já foi ocupado por Ilan Goldfajn. Em reuniões com investidores, Maia fez análise de que o presidente do BC demorou a começar a baixar a taxa básica de juros. O presidente da Câmara defendeu um ritmo de queda maior.

‘Amém’

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Já em relação a Meirelles, de quem precisa em uma eventual sucessão de Temer para acalmar o mercado, Maia está mais alinhado do que nunca. Durante a tramitação do projeto de perdão de recuperação fiscal dos Estados, ele chegou a dizer que não era preciso sempre dizer “amém” para a equipe econômica, mas tem defendido todas as reformas que Meirelles prega como necessárias para o Brasil voltar a crescer.

“Temos de estabelecer o mais rápido possível a agenda da Câmara dos Deputados. Não podemos estar satisfeitos apenas com a reforma trabalhista. Temos Previdência, tributária e mudanças na legislação de segurança pública”, escreveu o presidente da Câmara, que cumpriu missão oficial na Argentina.

O deputado fluminense tem reforçado seu compromisso nas recentes manifestações, mas historicamente sempre foi um defensor de primeira hora das reformas, o que tem ajudado a conseguir o apoio do mercado e do setor produtivo.

Na semana passada, começou a tramitar na Câmara a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer. A primeira análise será na Comissão de Constituição e Justiça, cujo parecer será votado posteriormente pelo plenário da Casa.

Os deputados vão decidir se dão ou não autorização para que o Supremo Tribunal Federal julgue a acusação formal contra o presidente. A admissibilidade depende de 2/3 da Câmara (342 votos); o governo precisa de um mínimo de 172 votos para barrar a autorização.

A “opção Maia”, porém, ganhou força nos últimos dias entre partidos da base aliada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


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