Mario Pedrosa – Da Natureza Afetiva da Forma/ Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madri/ até 16/10

Um ano após ganhar uma antologia de sua obra crítica em língua inglesa, editada pelo MoMA-NY e a Duke University Press, o brasileiro Mario Pedrosa (1901-1981) é homenageado com uma exposição no Museu Rena Sofia, em Madri. A natureza da mostra sobre o crítico de arte é ligeiramente diversa de uma retrospectiva dedicada a um artista. Nesta encontra-se reunida uma seleção de cerca de 200 obras – entre livros e textos do autor e obras de artistas que Pedrosa acompanhou e ajudou a impulsionar. Entre eles, Alexander Calder, Giorgio Morandi, Paul Kee, Lygia Clark, Ivan Serpa, Lygia Pape e Hélio Oiticica.

PARTNERS O Museu Reina Sofia reuniu em exposição os artistas brasileiros e internacionais com os quais o crítico trabalhou
PARTNERS O Museu Reina Sofia reuniu em exposição os artistas brasileiros e internacionais com os quais o crítico trabalhou (Crédito:Cortesia Museu Reina Sofia)

O título da mostra faz referencia à sua tese de doutoramento, “Da Natureza Afetiva da Forma na Obra de Arte”, de 1949, e a curadoria reconhece em Pedrosa um intelectual devotado a pensar a abstração artística a partir da subjetividade humana. Com curadoria da brasileira Michelle Sommer e do espanhol Gabriel Perez-Barreiro, curador da 33ª Bienal de São Paulo, a mostra elabora percurso a partir de afinidades, dos anos 1930 aos 70.

A base de seu pensamento crítico estaria no diálogo com a consciência social e expressionista da gravurista alemã Käthe Kollwitz. O interesse pela cultura da massa no Brasil ganharia eco na obra que Di Cavalcanti e Portinari realizavam no início dos anos 40. O afastamento do realismo social e das políticas panfletárias seria coroado com o envolvimento com jovens artistas abstracionistas, nos anos 50. É desta época a tese que analisa a natureza afetiva da forma geométrica.

HOMENAGEM Mario Pedrosa é destacado em sua importância no continente latino-americano
HOMENAGEM Mario Pedrosa é destacado em sua importância no continente latino-americano (Crédito:Alécio de Andrade)

Pedrosa foi um intelectual completo. Foi pensador da função social da arte e no final atuou em um “novo ciclo com vocação anti-arte”. No caminho, até chegou a trabalhar com a terapia ocupacional da doutora Nise da Silveira no Hospital psiquiátrico Dom Pedro II – encontro registrado no longa-metragem “Nise – O Coração da Loucura” (2015), de Roberto Berliner. A homenagem espanhola inclui ainda um congresso internacional de crítica de arte e um ciclo de cinema.

Roteiros
Um prêmio de portas abertas

Prêmio e Seminário seLecT de Arte e Educação/Centro Cultural Banco do Brasil, SP/ de 3 a 6 de maio

O estreitamento das relações entre arte e educação e as posições intercambiáveis entre artistas e professores foram o foco do 1º Prêmio seLecT de Arte e Educação, que no sábado 6 de maio premiou duas categorias: artista e formador, em cerimônia no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo.

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Patricia Newcomer

O artista contemplado foi Jorge Menna Barreto, autor de “Restauro”, um restaurante-obra que funcionou na 32ª Bienal de São Paulo, levando para dentro do pavilhão cardápios totalmente realizados com produtos de agroflorestas. “Deixava-se assim que os produtores determinassem o que seria servido, de acordo com a estação e a colheita”, diz Menna Barreto. As atividades foram acompanhadas de conversas com os visitantes da mostra e a participação de cozinheiros e produtores convidados. “Ao colocar em primeiro plano o ecossistema, ‘Restauro’ renuncia ao poder e valor do antropocentrismo, reposicionando o lugar da arte e do homem no mundo. Chamamos a atenção, ainda, para seu diálogo com a economia solidária e, especialmente, com os conhecimentos inscritos na floresta, na qual se interceptam as escalas políticas e poéticas do projeto”, disse Giselle Beiguelman, artista, professora da FAU-USP e presidente do juri de premiação.

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Área Criativa, de Bruno Vilela, foi premiado na categoria de formadores comprometidos com o empreendimento de modelos inovadores de educação da arte ou pela arte. Trata-se de um projeto de construção de um espaço cultural na cidade de Pedra Azul (MG), destinado ao encontro, produção, formação, intercâmbio e experimentação artística de jovens da cidade e residentes vindos de outras cidades brasileiras. “Área Criativa cria nova formas de pensar e fazer política cultural e agenciar a arte. Institui um lugar, sem ser instituição. Ao criar um mecanismo de autogestão pela comunidade, transforma o espaço em praça de encontro”, disse Beiguelman, em nome de um júri de excelência formado por Regina Silveira, Rosa Iavelberg, Thiago Honório, Cayo Honorato e Paulo Portella Filho.

Uma iniciativa da revista seLecT, o Prêmio teve mais de 500 inscritos de mais de 100 cidades brasileiras. A premiação foi precedida de dois dias de seminários, em que dez finalistas vindos de Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo foram convidados a apresentar seus projetos para o publico. “Um aspecto importante e que afirma a vocação formadora do prêmio foi o formato de seminário público na etapa final, que confere mais transparência ao processo e permite que os candidatos também possam se conhecer melhor”, diz Jorge Menna Barreto. PA

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