Cristiano Ronaldo é o atleta mais bem pago do mundo e também uma marca com valor estimado em 100 milhões de euros que se expande com força em Portugal, seu país natal, onde o astro multiplica investimentos há mais de 10 anos.

Segundo estimativa do Instituto português de Administração e Marketing (IPAM), a marca “CR7” vale, em escala global, 102 milhões de euros.

“Junto com o vinho do Porto, Cristiano Ronaldo é o produto português mais conhecido no mundo”, explicou o diretor do IPAM, Daniel Sá, que há seis anos avalia a atividade econômica gerada pelo atacante do Real Madrid.

“Quando comparamos Cristiano a ex-glórias do futebol português, como Luis Figo ou Rui Costa, é preciso levar em consideração que as redes sociais mudaram tudo. Representam uma força e um poder de promoção incrível”, explicou Sá à AFP.

Cristiano Ronaldo é um ícone planetário que ultrapassa a esfera puramente esportiva, como provam os 275 milhões de seguidores que o craque exibe nas redes sociais, mais que qualquer outro atleta.

No Facebook, o jogador ostenta um recorde absoluto de ‘fãs’ com 121 milhões de seguidores, à frente de personalidade como a cantora colombiana Shakira (104 mi) e do próprio clube, o Real Madrid (102 mi).

Ronaldo também lidera pelo segundo ano consecutivo o ranking de atletas mais bem pagos do mundo, publicado anualmente pela revista Forbes. Em 2016, as receitas do astro português subiram para 85 milhões de euros. Destes, 35 milhões foram oriundos de ações de marketing e propaganda.

– Lojas, hotéis e um museu –

O atacante do Real Madrid investe sua fortuna em Portugal desde 2006, quando inaugurou em Funchal, em sua natal ilha da Madeira, a loja de roupas íntimas “CR7”, que em seguida estendeu sua oferta de produtos para calças, sapatos e acessórios.

Em dezembro de 2013, também na Ilha da Madeira, abriu um museu que já foi visitado por mais de 250.000 pessoas, interessadas em contemplar sua coleção de troféus.

Para Daniel Sá, o principal investimento do português aconteceu em 2015, quando se associou ao um grupo hoteleiro Pestana para erguer quatro hotéis sob a marca “CR7”. O jogador financiou metade do investimento, num valor total de 75 milhões de euros.

“Injetar dezenas de milhões de euros numa empresa oriunda da Madeira, pouco conhecida no estrangeiro, é muito pouco habitual num mercado tão pequeno como o de Portugal”, explica Sá.

O jogador já se prepara para o momento em que irá pendurar as chuteiras. “Muitos jogadores terminam sua carreira sem saber o que vão fazer depois. Para mim é evidente, quero gerenciar minhas marcas”, declarou Cristiano Ronaldo à AFP em 2015.

No hotel “CR7” de Lisboa, os clientes podem tomar um coquetel “Bola de Ouro” ou tirar fotos ao lado de um holograma do capitão da seleção portuguesa.

– “Megafone planetário” –

Para o grupo Pestana, “Cristiano é um megafone planetário”, garantiu Miguel Plantier, diretor do hotel lisboeta, que conta com 83 quartos e está situado em pleno coração da capital lusa.

“E não só se limita a investir dinheiro. Segue de perto os relatórios e chega a pedir desculpas por não poder estar mais presente”, continuou Plantier.

“Cristiano não é um novato. Ele cresceu em uma ilha turística como a Madeira e conhece bem o setor”, completou Leonor Costa, responsável pelo marketing da empresa hoteleira.

Recém-saído de uma grave crise econômica graças principalmente ao turismo, Portugal navega sobre a imagem de sua maior estrela, artífice da inédita conquista da seleção do país na Eurocopa do ano passado.

Neste sentido, em março passado, o aeroporto da Madeira foi oficialmente rebatizado como o nome do craque, em cerimônia que contou com a presença das maiores autoridades do país.

“Renomear o aeroporto em sua homenagem foi uma decisão inteligente e prova a importância de Ronaldo para Portugal, principalmente quando se leva em consideração como é estranho o fato de se dar a um aeroporto o nome de uma pessoa que ainda está viva”, analisou Daniel Sá.

Aos 32 anos, CR7 continua, jogo após jogo, calando os críticos, que sempre se apressam em profetizar seu declínio profissional. Para a economia de Portugal, contudo, a aposentadoria do astro não será um problema.