Estádio utilizado pelo Fluminense entre julho do ano passado e o mesmo mês deste ano, o Giulite Coutinho, na Baixada Fluminense, pode ter sido liberado para jogos mediante o pagamento de propina a integrantes do Corpo de Bombeiros. É o que apontam as investigações que motivaram a Operação Ingenium, deflagrada nesta terça-feira. Até o início da tarde, trinta e quatro pessoas haviam sido presas.

Sem poder jogar no Maracanã no ano passado porque o estádio estava à disposição do Comitê Rio-2016, o Fluminense firmou parceria com o America-RJ para usar o Giulite Coutinho, em Mesquita, na Baixada Fluminense. A intenção do clube era utilizar o local desde o início do Campeonato Brasileiro, em maio. Mas os bombeiros demoraram a fornecer os laudos de liberação, o que só aconteceu em julho do ano passado.

Investigações da Corregedoria Geral Unificada (CGU) e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) revelaram que o estádio foi um dos estabelecimentos liberados mediante pagamento de propinas a bombeiros militares.

Com base em escutas telefônicas, os investigadores descobriram uma suposta organização criminosa de venda ilegal de documentos para funcionamento de estabelecimentos comerciais. Os esquemas de corrupção ocorreriam no âmbito do setor de engenharia de diversos grupamentos de bombeiros militares. Os crimes teriam ocorrido, principalmente, no 4º GBM (Nova Iguaçu), no 14º GBM (Duque de Caxias) e no GOPP, o Grupamento de Operações com Produtos Perigosos. O estádio do America-RJ estaria entre eles.

DEFESA – Em nota, o América se eximiu de responsabilidade no episódio. “O America Football Club esclarece que não tratou da obtenção de laudo (LPCI) junto ao Corpo de Bombeiros em 2016, conforme veiculado em meios de comunicação. Portanto, o America Football Club não tem nenhuma responsabilidade sobre os fatos levantados e está à disposição das autoridades”, sustentou. O Fluminense ainda não se manifestou.

A ação desta terça teve apoio da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança (SSINTE), da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e de Inquéritos Especiais (DRACO-IE) e da Polícia Civil. Prendeu 34 pessoas até o início da tarde. A Justiça expediu 38 mandados de prisão. Foram cumpridas também 67 ordens de busca e apreensão nas residências dos suspeitos, quartéis do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) e sede de empresas foram executadas.