O ex-presidente equatoriano Rafael Correa, afastado temporariamente da política na Bélgica, está disposto a voltar ao seu país para promover uma Assembleia Constituinte em meio a uma briga com o presidente e ex-aliado Lenín Moreno, revelou à AFP em Bogotá.

“Se continuar destruindo o que conquistei, vamos promover uma Assembleia Nacional Constituinte, e se eu impulsionar essa Assembleia Nacional Constituinte, terei que voltar como candidato”, afirmou Correa durante uma visita acadêmica à Colômbia.

Por meio do mesmo mecanismo, o ex-presidente levou à frente a Carta Política que rege o seu país desde 2008, e uma nova Constituinte poderia, em teoria, interromper o governo de Moreno, organizar novas eleições e, eventualmente, permitir ao popular ex-presidente retornar ao poder antes de 2021, quando termina o governo de seu sucessor.

Correa, que deixou o Equador em 10 de julho depois do fim de seu mandato de 10 anos, qualificou Moreno como “traidor” e “medíocre”, seu ex-vice-presidente entre 2007 e 2013 e a quem apoiou na campanha que o levou ao poder neste ano.

“Sobre Moreno, sempre soubemos que era um tipo sem convicção, mas não sabíamos que era um traidor e um medíocre (…), não sabíamos que era tão desleal, tão mau, tão perverso”.

A crise que ameaça fissurar o partido de esquerda no poder no Equador explodiu pouco depois que Moreno assumiu a presidência, em 24 de maio.

O atual presidente questionou a política econômica de Correa e depois criou pontes com setores políticos opostos a seu antecessor.

Mas as tensões aumentaram com a decisão de Moreno de retirar todas as funções que atribuiu ao vice-presidente Jorge Glas, o maior aliado de Correa, por sua suposta relação com o escândalo de corrupção da empreiteira Odebrecht.

O também vice-presidente de Correa está impedido de sair do Equador enquanto a Justiça define se irá acusá-lo.

“Conheço Jorge Glas a vida inteira, trabalhamos juntos, não somente jamais roubou um centavo como expôs a sua vida para evitar que roubassem um centavo”, declarou o ex-presidente.

Correa afirmou que Moreno também pretende detê-lo e destacou que diante dessa situação ele e seus aliados já definiram uma estratégia.

“Jogamos a carta da Assembleia Nacional Constituinte e eu retornaria ao país como candidato”, enfatizou.