18/10/2016 - 13:06
Embora cante desde menina, Corina Magalhães, 34 anos, demorou para conseguir gravar seu primeiro disco, “Tem Mineira no Samba”, lançado só este ano pela Tratore. Como a pressa é inimiga da perfeição, a espera foi recompensada com uma agradável surpresa: o CD de estreia da intérprete concorre ao Grammy Latino 2016 na categoria melhor álbum de samba/pagode. Corina sabe que a disputa será dura, já que concorre ninguém menos que Martinho da Vila, Eduardo Gudim, Arlindo Cruz e a coletânea “Sambas para a Mangueira”, da qual participam vários artistas consagrados. Para ela, só a indicação já é uma vitória. Nascida em Cambuí, na Serra da Mantiqueira, Corina tem dividido seu tempo entre a carreira musical e a de nutricionista – uma das razões que tornam a escolha de seu disco entre os cinco finalistas do Grammy ainda mais surpreendente. O fato de trabalhar em outra área além da música, contudo, não faz de Corina uma mera diletante. Suas interpretações têm a autoridade de quem sabe colocar a voz afinadíssima na cadência correta de um ritmo muitas vezes traiçoeiro, que exige acentos e pausas em tempos às vezes imprevisíveis. Com a empostação correta e dicção cristalina, ela desvia das armadilhas que fazem muitas intérpretes escorregar. Uma boa mostra está em “Guerreira”, de João Nogueira e Paulo César Pinheiro, gravada por Clara Nunes, cuja letra serve também como uma espécie de manifesto pessoal: “Se vocês querem saber quem eu sou/ Eu sou a tal mineira/ Filha de Angola, de Kêto e Nagô/ Não sou de brincadeira/ Canto pelos sete cantos/ Não temo quebrantos, porque eu sou guerreira/ Dentro do samba eu nasci, me criei, me converti, e ninguém vai tombar a minha bandeira”. Se o Grammy 2016 não vier, paciência. O mundo já sabe que essa guerreira chegou para ficar.
Ouça uma seleção de cinco musicas de Corina Magalhães nos Sons da Semana.