O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira que discutir com a Coreia do Norte “não é a solução”, dando a entender, em um tuíte ambíguo, que a busca de uma solução diplomática com o regime de Pyongyang está condenada ao fracasso.

“Os Estados Unidos há 25 anos têm falado com a Coreia do Norte e lhe dando dinheiro por meio de chantagem. Falar não é a solução!”, escreveu o presidente no Twitter, um dia depois de Pyongyang ter lançado um míssil que sobrevoou o Japão.

O máximo dirigente norte-coreano, Kim Jong-Un, prometeu novos lançamentos de mísseis sobre o Japão e garantiu que o tiro de terça-feira – condenado pela ONU por unanimidade – é apenas um “prelúdio”.

O lançamento de um Hwasong-12 de médio alcance sobrevoando o arquipélago japonês representa uma nova escalada na crise norte-coreana, um mês depois de Pyongyang ter lançado dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com potencial para alcançar boa parte do continente americano.

Mas seu secretário de Defesa, Jim Mattis, declarou que ainda há lugar para a diplomacia com a Coreia do Norte. “Nunca descartamos as soluções diplomáticas”, disse ao iniciar uma reunião com seu colega da Coreia do Sul, Song Young-moo.

“Continuamos trabalhando juntos e o ministro e eu compartilhamos a responsabilidade de garantir a proteção de nossas nações, nossos cidadãos e nossos interesses”, garantiu.

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O Conselho de Segurança da ONU, que impôs recentemente uma sétima série de sanções a Pyongyang, condenou “firmemente” o lançamento do míssil norte-coreano.

Pequim e Moscou, dois aliados-chave de Pyongyang, apoiaram o texto, que não preveem um reforço imediato nas sanções contra a Coreia do Norte.

– Resposta à ‘invasão’ –

O “Rodong Sinmun”, jornal oficial do partido único no poder na Coreia do Norte, publicou nesta quarta-feira cerca de 20 fotos do disparo. Em uma delas, vê-se um jovial Kim Jong-un rodeado por seus conselheiros, com um mapa do noroeste do Pacífico em seu escritório.

Em outra imagem, ele aparece observando o míssil lançado de Sunan, próximo a Pyongyang. O projétil percorreu 2.700 quilômetros, a uma altitude máxima de 550 km, antes de cair no Pacífico.

Em nota publicada hoje, a agência oficial de notícias norte-coreana, a KCNA, cita Kim, anunciando “mais exercícios de disparos de mísseis balísticos no futuro, com alvo no Pacífico”.

O lançamento de terça foi “um prelúdio importante para conter Guam, base avançada da invasão”, declarou, referindo-se a um “avanço das contra-medidas” frente às manobras militares que os Exércitos americano e sul-coreano estão realizando na Coreia do Sul.

Pyongyang considera que esses exercícios militares são um ensaio geral de uma invasão a seu território.

É a primeira vez que Pyongyang declara ter enviado um míssil sobre o território japonês. Em 1998 e em 2009, a Coreia do Norte havia lançado foguetes que sobrevoaram o Japão, mas, em ambas as ocasiões, Pyongyang havia argumentado que se tratava de veículos espaciais.

Neste contexto, nesta quarta, o exército dos Estados Unidos interceptou um míssil de médio alcance no litoral do Havaí, um teste bem sucedido-sucedido do sistema de interceptação com o qual o Japão tenta reforçar sua defesa ante a Coreia do Norte.

O teste foi realizado pela Agência de Defesa de Mísseis (MDA) e a Marinha americanas a partir do navio USS John Paul Jones, um destróier lança-mísseis.


– ‘Ações ameaçadoras’ –

Milhões de habitantes do norte do Japão, que não cederam ao pânico, acordaram ontem com uma mensagem de alerta do governo, enquanto pelos alto-falantes se ouvia: “Lançamento de míssil. Abriguem-se!”.

“As ações ameaçadoras e desestabilizadoras apenas aumentam o isolamento do regime da Coreia do Norte na região e entre todas as nações do mundo”, declarou Trump em um comunicado.

“Todas as opções estão sobre a mesa”, acrescentou.

Pouco depois, sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, reivindicou “uma decisão forte”.

Segundo fontes diplomáticas, a ONU contemplaria a possibilidade de sancionar Pyongyang, deportando os trabalhadores norte-coreanos empregados no exterior, ou com medidas que afetem o setor do petróleo.

O principal desafio da ONU era mostrar que a unidade internacional se mantém — com Rússia e China — e chegar a um acordo sobre uma resposta rápida após o disparo do míssil, de acordo com uma fonte diplomática.

O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, indicou hoje que seu país está conversando com seus sócios do Conselho de Segurança sobre qual “reação” deve ser adotada. Yi ressaltou a importância de um consenso.

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