Um confronto entre grupos rivais em uma prisão da Venezuela terminou com um balanço de 12 mortos e 11 feridos, informou o governo nesta quarta-feira.

“Há doze mortos e onze feridos. Nove morreram por tiros”, declarou à AFP um porta-voz do ministério dos Assuntos Penitenciários.

O incidente aconteceu na madrugada de terça-feira na prisão José Antonio Anzoátegui, em Barcelona, 245 km de Caracas.

“É uma penitenciária que passa por um processo de transição do velho esquema penitenciário, ainda há armas e há presos que se opõem a esta transição, que se rebelaram”, indicou a fonte, que pediu para não se identificar.

A prisão, também conhecida como Puente Ayala, foi uma das mais violentas na Venezuela em 2016, segundo a ONG Observatório Venezuelano das Prisões (OVP), que registrou 14 mortes neste ano.

“Uma investigação está em andamento. Serão apresentados nesta quarta-feira à justiça os responsáveis”, informou o porta-voz do ministério.

O Observatório contabilizou a população carcerária da Venezuela em 2016 em 54.738 detentos, ultrapassando a capacidade das prisões em 35.562. Ao mesmo tempo, ressalta que 33.000 presos vivem em condições precárias. Não há números oficiais nem dados consolidados de quantos presos estão em Puente Ayala.

O ministério do Serviço Penitenciário prevê um programa de reforma e humanização das prisões para, entre outras coisas, desarmar os detentos.

Existem cerca de 50 centros penitenciários na Venezuela, dos quais 98% funcionam sob o novo regime impulsionado pelo governo, segundo afirmou em janeiro a ministra da pasta, Iris Varela.

O governo não forneceu maiores detalhes sobre o ocorrido. Não se sabe se entre os mortos e feridos há funcionários das forças de segurança.

Carlos Nieto, da ONG Uma Janela para a Liberdade, acredita na versão de que aconteceu uma “mudança de governança na prisão, como se fosse um golpe de Estado contra o ‘pran'”, como é chamado no jargão prisional venezuelano o chefe da gangue que controla o recinto.

“Este ‘pran’ foi um dos mortos, ele se chamava Giovanni. Aqueles que queriam tomar o controle da prisão faziam parte de um grupo de prisioneiros transferido da Penitenciária Geral da Venezuela”, explicou.

Essa foi a prisão mais violenta em 2016, com 28 mortes de acordo com o OVP, e chegou a ser fechada no âmbito do projeto de humanização dos centros penitenciários.

“Na minha opinião, este novo sistema prisional não está funcionando. A ministra diz que 98% das prisões aderiram ao novo sistema. Se esta prisão está em transição, seria importante determinar como funciona, e por isso houveram mortos e feridos a balas”, declarou Nieto.