Entrar no governo ou ficar na oposição? O sistema alemão de coalizões leva à criação de alianças entre conservadores e social-democratas, formações que a princípio são contrárias.

Estes são os seis principais partidos que disputam as legislativas deste 24 de setembro e o que esperam de seus resultados:

A chancelaria: o objetivo dos pesos-pesados

Desde a Segunda Guerra Mundial, todos os governos da antiga Alemanha ocidental e pós-unificação foram dirigidos ou pelo Partido Democrata-cristão (CDU), aliado com os conservadores da Baviera (CSU), ou pelos social-democratas do SPD. Os dois partidos rivais foram, inclusive, sócios em três “grandes coalizões”, duas delas chefiadas por Angela Merkel, em 2005-2009 e a que está no poder desde 2013.

Francos favoritos nas pesquisas, ao que tudo indica os conservadores de Merkel parece vão manter a chancelaria com uma linha política de centro, mas será preciso buscar um ou mais sócios.

O SPD pode ter que se decidir entre colaborar com o governo ou situar-se na oposição. Talvez tiraria proveito “se passasse um tempo na oposição”, explicou à AFP Timo Lochocki, cientista político do German Marshall Fund.

É que o partido mais antigo da Alemanha atravessa uma crise estratégica e ao mesmo tempo de identidade: sua situação como “sócio júnior” dos conservadores fez com que suas críticas a Merkel passassem despercebidas.

Além disso, o SPD perdeu parte de sua base popular após reformar, entre 2003 e 2005, o mercado de trabalho e as prestações sociais. Estas medidas, no entanto, são vistas como a fonte da prosperidade econômica alemã, um fato que favorece a chanceler.

Objetivos de liberais e Verdes

Os liberais do FDP, antes um ‘partido oscilante’, capaz de fazer e desfazer coalizões, sofreu tamanho revés eleitoral em 2013 (4,76% dos votos) que perderam presença na Câmara dos Deputados. Seu retorno à Bundestag, Câmara Baixa do Parlamento, seria uma vitória para a jovem direção do partido e os deixaria em uma boa situação para se aliar com os conservadores.

Os Verdes, que estiveram no governo de 1998 a 2005 sob a direção do SPD, terá que esclarecer sua posição. Governar desta vez com os conservadores e os liberais em uma aliança inédita em nível federal? Ou se aproximar da oposição do SPD e da esquerda radical?

A esta questão tática soma-se um debate de fundo: com o abandono progressivo da energia nuclear, decidido em 2011, e a adoção este ano do casamento homossexual, os Verdes perderam dois de seus temas históricos.

Objetivo do AfD e do Die Linke: consolidar-se na oposição

Criado em 2013, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) fracassou no outono seguinte em sua tentativa de entrar na Bundestag. Agora, as pesquisas lhe dão 8% a 10%, o que garantiria sua presença desta vez.

Está longe, no entanto, dos 15% a 16% de intenções de voto que obteve no auge da crise dos refugiados.

O partido terá que solucionar as tensões internas, com uma direção que hesita entre seguir uma linha próxima da extrema direita ou ir além, pendendo para o nacional-conservadorismo.

O partido de esquerda radical Die Linke, criado em 2007 por ex-comunistas da antiga Alemanha do leste e por ex-membros do SPD, é parceiro da coalizão em vários governos regionais, entre eles o de Berlim.

Mas aliar-se, em nível federal, ao SPD parece improvável por enquanto. Seu discurso econômico socialista, sua reivindicação de tirar a Alemanha da Otan e abandonar a mobilização de tropas no exterior são linhas insuperáveis para os social-democratas.