A comunidade copta do Egito, alvo nesta sexta-feira de um ataque de homens armados que deixou 26 mortos em um ônibus que transportava fiéis a um mosteiro perto do Cairo, representa a mais numerosa do Oriente Médio, e uma das mais antigas.

Esta minoria religiosa é geralmente estimada entre 6 e 10% dos cerca de 80 milhões de egípcios. A Igreja Copta fala em 10 milhões de fiéis.

A comunidade copta ortodoxa, que tem na liderança o patriarca Shenouda III, também conta cerca de 250.000 católicos, ligados a Roma.

Estes últimos têm à frente o patriarca Antonios Naguib, que foi consagrado cardeal pelo Papa Bento XVI, no dia 20 de novembro passado.

Remontam ao alvorecer do cristianismo, na época em que o Egito era integrado ao Império Romano e, depois, ao Império Bizantino, após o desaparecimento da última dinastia faraônica dos Ptolomeus, de origem grega.

A palavra “copta” tem, além disso, a mesma raiz que o termo “Egípcio” em grego antigo.

Seu declínio começou com as invasões árabes do século VII e a islamização progressiva do país, hoje com imensa maioria muçulmana sunita.

A comunidade copta está presente em todo o país, com concentrações mais fortes no Médio Egito. É encontrada, também, em todas as categorias sociais, dos miseráveis do Cairo (“zabbaline”) a famílias tradicionais, como os Boutros-Ghali.

Fracamente representados no Parlamento e no governo, estão afastados de numerosos cargos na justiça, nas universidade e ainda na polícia.

Lamentam também uma legislação constrangedora para a construção de igrejas, e mais liberal para a de mesquitas.

A paralisação da construção de uma igreja esteve no centro de confrontos violentos, em novembro passado, entre policiais e manifestantes coptas no Cairo, que deixou dois mortos.

O aumento de uma crença islâmica rigorosa agrava seu sentimento de marginalização. Incidentes, às vezes mortais, estiveram presentes em suas relações com os muçulmanos nos últimos anos, reforçando temores.

O ataque desta sexta-feira, na província de Minia, coincide com a ofensiva iniciada há alguns meses pelo braço egípcio do grupo extremista Estado Islâmico (EI) contra a minoria copta no Egito.

Nos últimos seis meses, o EI reivindicou atentados suicidas contra duas igrejas coptas que deixaram 45 mortos ao norte do Cairo no início de abril, assim como um ataque contra um templo copta no centro da capital que provocou 29 mortes em dezembro.