De cara, Vincent Lacoste foi indicado para o César, o Oscar francês, de ‘meilleur espoir’, ator revelação, por Les Beaux Gosses, de 2010. O filme sobre um adolescente desajeitado e sem sucesso com as garotas passou em Cannes (Quinzena dos Realizadores), fez sucesso de público e crítica.

Desde essa época, Lacoste tem filmado muito – com Gérard Depardieu e Catherine Deneuve (Asterix e Obelix a Serviço de Sua Majestade), Depardieu e Benoît Poelvoorde (Saint-Amour), Léa Seydoux e o diretor Benoît Jacquot (O Diário de Uma Camareira).

Em 2015, concorreu ao César de ator por Hipócrates, sobre um jovem médico que descobre a dura realidade da profissão. E com a atriz e diretora Julie Delpy foram dois filmes, O Verão do Skylab e Lolo, o Filho da Minha Namorada.

O segundo o trouxe ao Brasil, durante o Festival Varilux deste ano. Lacoste faz o filho ciumento de Julie, que resolve intervir quando a mãe arranja um namorado, interpretado por Dany Boon. Lolo começa ótimo, com uma conversa de Julie e Karin Viard. Falam de homens burros bons na cama.

O humor é grosso e virulento. Torna-se médio quando se deflagra a rivalidade entre Lacoste e Boon. “Julie (Delpy) disse que, depois de Skylab, queria trabalhar de novo comigo e desenvolveu o papel para mim.

Ela é ótima no set, cria um clima de descontração muito grande.” Sobre Dany Boon, revela. “Já havia trabalhado com Depardieu, com Deneuve, que são ícones internacionais. Mas a experiência com Dany foi incrível. Ele é um ídolo na França. Nas externas, formavam-se multidões. Bastava aparecer que ele estava filmando por perto e as pessoas iam chegando”, recorda.

E com Dany Boon ocorreu a mesma coisa que com Depardieu e Poelvoorde. “As mulheres tendem a ser maternais com os jovens. Não conseguem evitar.

Julie, Deneuve. Mas Gérard e Benoît (Poelvoorde) em nenhum momento fizeram com que eu me sentisse o garoto contracenando com os monstros sagrados.

Com Dany foi a mesma coisa. Me tratavam de igual para igual. Foi uma experiência maravilhosa. Como ator, e como jovem, foi o que de melhor poderiam ter feito para mim. Em qualquer atividade, na vida, o jovem não precisa que lhe passem a mão na cabeça. Falando por mim, tudo o que desejo é igualdade.” E Lacoste faz uma observação interessante. “Julie criou um retrato de família caótico em Skylab. Era um monte de gente entrando e saindo de cena, todo mundo interferindo na vida de todo o mundo. Aqui, somos basicamente três. Dany faz um homem simples, carinhoso. Eu sou mais antipático, querendo estragar tudo, mas Julie me pedia para não exagerar. ‘Seja minimalista’, dizia.”

Lacoste faz outra observação pertinente. “Engana-se quem acha que vai ver um filme leve. Lolo até é, mas sobretudo no final o humor fica mais pesado, mais perverso.” E agora é o repórter, falando. Talvez seja o problema. Pois preocupada em fazer um filme palatável, simpático, a diretora não carrega nas tintas. Lolo teria potencial para ser cruel, mas, para isso, Julie Delpy deveria ter-lhe injetado mais humor negro. “Julie dizia que meu personagem é um sociopata, mas não queria que eu o representasse como tal. Espero que o público entenda”, acrescenta Vincent Lacoste.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.