As tropas do regime sírio combatem os rebeldes no leste de Damasco, após repelirem no dia anterior um ataque surpresa dos insurgentes na capital do país.

Os combatentes, liderados pelos extremistas da Frente al-Sham, antigo braço sírio da Al-Qaeda, atacaram no domingo as forças do governo a partir da posição rebelde mais próxima ao centro da cidade, no bairro de Jobar.

A ofensiva relâmpago era destinada a contrabalançar a ofensiva das forças do regime em três bairros do norte da capital e abrir uma nova frente de combate, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Mas as forças do presidente Bashar al-Assad lançaram rapidamente uma contraofensiva, repelindo os rebeldes, graças principalmente a sua superioridade militar aérea.

– Contraofensiva –

“Aconteceram intensos ataques aéreos desde o amanhecer contra posições rebeldes no bairro de Jobar”, indicou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH.

“As forças governamentais e seus aliados retomaram a iniciativa e lançaram uma contraofensiva contra os grupos rebeldes que executaram os ataques de domingo”, explicou Abdel Rahman.

O bairro de Jobar, cenário de confrontos há dois anos, está dividido entre os rebeldes e os jihadistas de um lado e as forças governistas de outro.

Pela primeira vez em dois anos, os rebeldes entraram em edifícios da Praça de Abbassiyyin, a partir de onde lançaram foguetes contra vários setores da capital.

“O regime e seus aliados já recuperaram 70% das posições tomadas pelos rebeldes, e os combates continuam entre Qaboun e Jobar”, informou Rahman.

A agência de notícias síria Sana disse que as tropas do governo visavam, “ao norte de Jobar, bases de terroristas, muitos dos quais foram mortos”.

– Retomada da circulação –

Jobar representa “uma linha de frente importante” em razão de sua proximidade com o centro de Damasco, explicou Abdel Rahman.

Os combates de domingo provocaram a morte de ao menos 26 combatentes pró-regime e de 21 rebeldes ou jihadistas, segundo Abdel Rahman, que não forneceu qualquer balanço sobre os combates e ataques aéreos desta segunda-feira.

O área da Praça Abbassiyyin, sobrevoada por aviões, começava a retomar uma animação quase normal no final da manhã desta segunda, com a reabertura de ruas e pessoas esperando o ônibus, observaram correspondentes da AFP.

Mas o som de tiros e bombardeios podiam ser ouvidos e as escolas anunciaram que permanecerão fechadas.

Damasco, relativamente poupada da violência desde o início da guerra, foi recentemente atingida por ataques suicidas, um dos quais deixou 74 mortos no centro histórico da cidade e foi reivindicado pela Frente Fateh al-Sham.

– Fazer pressão antes de Genebra –

Estes combates na capital síria ocorrem dias antes de uma nova rodada de negociações para a Síria prevista a partir de quarta-feira em Genebra, sob os auspícios da ONU, na presença de representantes do regime de Bashar al-Assad e da oposição.

Segundo o chefe da delegação do regime, Bashar al-Jaafari, “os últimos ataques terroristas em Damasco (…) e em outras partes da Síria visam pressionar o governo sírio antes de Genebra”.

Todos os esforços diplomáticos, apoiados pela ONU ou não, fracassaram na tentativa de encontrar uma solução para este conflito, que atinge a Síria há mais de seis anos e que já deixou mais de 320.000 mortos e milhares de deslocados e refugiados, provocando uma grave crise humanitária.

Em dezembro foi negociado um cessar-fogo com a ajuda da Rússia, aliada do regime, e da Turquia, que apoia os grupos rebeldes, mas os combates no país prosseguiram.