A vaga na Copa do Mundo da Rússia, em 2018, é apenas questão de tempo para o Brasil. A seleção superou mais um grande obstáculo nesta quinta-feira, ao derrotar de virada o Uruguai, por 4 a 1, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, em Montevidéu, e chegar aos 30 pontos na classificação. Com esta quantidade de pontos jamais uma equipe ficou fora do Mundial e, por isso, a presença já é lógica e depende apenas de meras formalidades matemáticas para se confirmar, o que deve ocorrer em breve.

O Brasil de Tite, agora com sete vitórias consecutivas, superou a maior série anterior da equipe nas Eliminatórias, conquistada por João Saldanha, em 1969. A nova marca foi estabelecida de forma convincente, ao golear de virada o Uruguai, que estava invicto como mandante desde 2009 e tinha até enfrentar o Brasil seis jogos e seis vitórias no Estádio Centenário, com apenas um gol sofrido.

A partida do líder das Eliminatórias contra o segundo colocado foi o confronto de diferentes propostas de jogo. De um lado o Uruguai se recusava a ficar com a posse de bola e optava pela postura defensiva, à espreita do contragolpe, para acionar Cavani ou Rolán em lançamentos. Do outro, o Brasil trocava passes, buscava triangulações e tentava cansar o adversário.

A seleção previa um jogo truncado, ao estilo da Copa Libertadores. O roteiro se cumpriu, felizmente, só dentro de campo. Do lado de fora as duas torcidas chegaram juntas ao Centenário, em clima de confraternização. Não houve vaias durante os hinos, nem a presença de 60 mil uruguaios representou um ambiente tão amedrontador. A multidão via o jogo calada, com manifestações apenas nos momentos mais agudos.

A classificação do Brasil à Copa tem tudo para vir sem sustos e, por isso, o aprendizado em Montevidéu será uma experiência muito importante. Pela primeira vez desde a chegada de Tite a equipe saiu atrás no placar. Marcelo tentou recuar de peito para Alisson, a bola saiu sem força e o goleiro derrubou Cavani. O atacante uruguaio bateu aos nove minutos para fazer 1 a 0.

A desvantagem parecia uma armadilha ao nervosismo, pois deu ao Uruguai a comodidade de ficar à espera do contra-ataque. Para a bola chegar até Neymar ou Philippe Coutinho era preciso atravessar uma bem armada fortaleza. Era preciso tranquilidade e confiança para relembrar que antes do gol uruguaio, o Brasil quase havia saído na frente. Essas virtudes a equipe juntou aos poucos e após jogada trabalhada da esquerda, com Neymar, a bola chegou para Paulinho bater no ângulo e empatar, aos 19 minutos.

A igualdade representou um pouco mais de justiça ao futebol apresentado, porém quem criava mais, como o Brasil, tinha o direito de sonhar com algo melhor. Firmino, o substituto de Gabriel Jesus, havia perdido uma chance clara no começo do jogo, para se redimir no início do segundo tempo. Ele chutou, o goleiro deu rebote e Paulinho, novamente, apareceu na área para concluir, aos seis minutos.

A vantagem fez a pressão mudar de lado. Passou a ser o Uruguai quem propunha o jogo e quem passou até a ver a torcida mais tensa no estádio. As jogadas mais duras passaram a aparecer. Para o bem do Brasil, a equipe aprendeu a sofrer quando é necessário e a definir o jogo quando mais se precisa. Coube a Neymar fazer o gol que deu tranquilidade ao Brasil, com um toque de cobertura, após contra-ataque, um lance capaz de cativar aplausos dos uruguaios e gritos de “o campeão voltou” vindos da torcida verde-e-amarela.

E ainda houve tempo para um quarto gol, para sacramentar a expressiva vitória. Aos 47 minutos, Daniel Alves cruzou para Paulinho, livre na pequena área, empurrar a bola para as redes com o seu peito. Foi o terceiro gol do volante na partida, para definir a goleada brasileira por 4 a 1.

Agora, na próxima terça-feira, o Brasil receberá o Paraguai no Itaquerão e poderá até sacramentar a vaga na Copa dependendo de uma combinação de resultados. Já o Uruguai, segundo colocado nas Eliminatórias com 23 pontos, tentará se reabilitar como visitante diante do Peru.

FICHA TÉCNICA

URUGUAI 1 X 4 BRASIL

URUGUAI – Martín Silva; Maxi Pereira, Coates, Godín e Gastón Silva; Vecino, Arévalo Ríos, Sánchez (Hernández) e Rodríguez; Rolán (Stuani) e Cavani. Técnico: Óscar Tabárez.

BRASIL – Alisson; Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Casemiro; Philippe Coutinho (Willian), Paulinho, Renato Augusto (Fernandinho) e Neymar; Firmino (Diego Souza). Técnico: Tite.

GOLS – Cavani, aos 9, e Paulinho, aos 19 minutos do primeiro tempo. Paulinho, aos 6 e aos 47, e Neymar, aos 29 minutos do segundo tempo.

CARTÕES AMARELOS – Maxi Pereira, Casemiro, Marcelo, Daniel Alves, Godín, Coates.

ÁRBITRO – Patricio Loustau (Argentina).

LOCAL – Estádio Centenário, em Montevidéu.