O pedido de um clérigo muçulmano do Cáucaso russo para que todas as mulheres sejam submetidas à ablação do clitóris provocou indignação na Rússia e abriu um debate sobre a sexualidade feminina.

“É preciso circuncidar todas as mulheres para eliminar a libertinagem da face da terra”, declarou Ismail Berdiev, mufti do Daguestão, uma república de maioria muçulmana, à agência russa Interfax.

O chefe islâmico, que dirige o Centro de Coordenação dos Muçulmanos no Cáucaso Norte, defendeu esta prática “a fim de reduzir a sexualidade feminina”.

Essa declaração causou indignação nas redes sociais na Rússia.

O ministério russo da Saúde condenou a declaração do religioso. “A ablação é uma prática de mutilação e não deve ser considerada algo positivo”, declarou o porta-voz do ministério, Oleg Salagayev.

“Uma boa educação pode ser uma alternativa à ablação, o que permitiria preservar a castidade das meninas e impedir que as mulheres caiam em adultério”, declarou, por sua parte, Guennadi Onishchenko, conselheiro do primeiro-ministro Dimitri Medvedev e ex-chefe dos serviços de saúde russos.

“Não é necessário circuncidar todas as mulheres. Por exemplo, as ortodoxas não são libertinas”, assegurou, por sua vez, o pastor ortodoxo e blogueiro Vsevolod Chaplin, conhecido por suas controvertidas declarações.

A mutilação genital feminina, que atinge mais de 200 milhões de mulheres no mundo, segundo a ONU, está proibida oficialmente na Rússia.