Classe C ainda não retomou consumo, diz presidente da Marisa Lojas

A varejista de moda Marisa ainda não vê os ventos favoráveis da macroeconomia empurrarem para frente as vendas da rede. A companhia, que no ano passado conseguiu frear o ritmo de queda nas vendas, acredita que seu público alvo – mulheres de classe C – ainda se preocupa com o desemprego no País. Apesar disso, o presidente da companhia, Marcelo Araújo, acredita que a expectativa para 2018 é de melhoria.

“É mais um ano de implementação de transformações na empresa. Temos a expectativa de ver alguns sinais de crescimento”, afirmou o executivo em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A Marisa está ainda em pleno processo de transformação. Araújo, que assumiu a empresa em meados de 2016, lançou um plano de ajustes que deve ir pelo menos até o início de 2020. São mudanças no desenho das coleções, no posicionamento e na comunicação da marca, além do layout das lojas. A companhia vinha perdendo vendas e, após um período em que o foco foi a redução de custos e despesas, a energia agora se volta para retomar o crescimento da receita.

As vendas da Marisa no critério mesmas lojas caíram 0,8% em 2017, resultado que, embora negativo, representa um avanço ante a queda de 9,7% em 2016. O indicador mesmas lojas considera o desempenho de pontos de venda abertos há mais de um ano.

“Já conseguimos incorporar algumas melhorias no Natal do ano passado e na coleção que lançamos este ano. Nosso novo processo de redesenho de coleções, no entanto, só vai estar totalmente refletido na coleção de verão do segundo semestre”, comentou.

Sobre o cenário de consumo, Araújo considera que o fluxo das lojas ainda não reflete a melhora na confiança das famílias. “Sentimos que há uma expectativa muito melhor, mas na prática ela ainda não se reflete em maior fluxo nas lojas, principalmente para esse publico que é o da nossa cliente e mais fortemente ainda nos mercados mais populares”, diz.

O principal desafio da Marisa é voltar a se posicionar como uma marca que atende aos anseios da classe C. Durante um período de maior euforia que durou até 2013, a companhia sofisticou o conteúdo de moda de seus produtos em meio ao conhecido “boom” de consumo das famílias de classe média. Na crise, no entanto, essa proposta acabou se descasando da realidade das consumidoras.

A segunda metade de 2018 deverá ser um período chave para a Marisa. Até lá, a empresa poderá começar a expandir para mais lojas um projeto de redesenho das operações que hoje vem sendo testado em 34 lojas.

“Temos hoje um resgate de posicionamento, com uma proposta de valor mais clara de entregar moda mais inclusiva, de qualidade e durabilidade”, afirmou Araújo. “Não somos, sob esse ponto de vista, uma empresa de moda efêmera. Queremos que nossa cliente se sinta na moda, mas a roupa para ela é um investimento e não pode ter vida muito curta”, conclui.