Uma comissão internacional alcançou nesta sexta-feira um acordo para a criação da maior reserva marinha do mundo, para conservar o Mar de Ross, uma imensa baía na Antártica.

O acordo selado na localidade de Hobart, na Austrália, foi forjado pela Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCRVMA).

No entanto, no fórum não houve um consenso para aprovar também a zona do leste da Antártica, como pediam Austrália e França.

A seguir, algumas das perguntas-chave:

– Por que tanto alvoroço? –

Os ambientalistas pedem há anos a proteção da exploração das águas antárticas. Em 2012 foi cogitada a ideia de criar um macro santuário marinho no Mar de Ross que compreenderia também o leste da Antártica.

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Os dois territórios somariam mais de 2,5 milhões de quilômetros quadrados. Cada um foi modificado para permitir algumas quotas de pesca e permissões para explorações científicas, embora respeitando o espírito do projeto.

– Por que é tão importante? –

A Antártica continua sendo a última fronteira, com territórios ainda quase virgens e alguns de seus ecossistemas marinhos sem ter sido estudados.

O oceano Austral, que banha a costa da Antártica, é considerado um importante laboratório para medir os efeitos das mudanças climáticas. A área abriga mais de 10.000 espécies que aparecem apenas nos polos, incluindo mamíferos como os pinguins e as baleias, mas também aves, peixes e crustáceos, suscetíveis de serem explorados comercialmente.

– O que é uma reserva marinha? –

Uma área de proteção protege todos ou uma parte dos recursos ali abrigados. Isso inclui espécies marinhas, biodiversidade, também o habitat e as zonas de alimentação e de criação. Em alguns casos também pode englobar os sítios históricos e de interesse cultural.

Esta declaração é utilizada como um complemento de outras ferramentas de conservação, como as quotas de pesca.

A primeira reserva do mundo foi estabelecida pela CCRVMA em 2009 nas ilhas Órcades do Sul, no Atlântico.

– Quem toma as decisões? –

A CCRVMA foi estabelecida por uma convenção internacional em 1982 com o objetivo de responder ao crescente interesse gerado pelo krill.

A aliança composta por 24 países, além da União Europeia, toma suas decisões por consenso, o que significa que para que uma proposta seja aceita, nenhum membro deve se opor.


– Por que demoraram tanto para alcançar um acordo? –

Muitos ambientalistas e países-membros concordam que a proteção das águas da Antártica, estabelecendo uma limitação à pesca, à extração de recursos e um freio à poluição, é essencial para conservar a vida polar e permitir aos cientistas um entendimento maior sobre como as espécies e os ecossistemas respondem às mudanças ambientais.

No entanto, países como China e Rússia expressaram sua resistência em relação à limitação do acesso à pesca. Também entram em jogo questões geopolíticas.


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