29/08/2016 - 10:44
Criminosos lançaram um veículo contra o portão de acesso ao Instituto Nacional de Criminalística e Criminologia (INCC), na madrugada desta segunda-feira, em Bruxelas, e provocaram um incêndio cuja finalidade seria destruir provas incriminatórias contra os mesmos.
Cinco pessoas foram detidas perto do local, mas posteriormente foram libertadas, enquanto a procuradoria declarou que até o momento não foi confirmado nenhum vínculo com um ato de terrorismo.
O incêndio não deixou feridos, mas uma grande explosão abalou várias casas próximas.
Este incidente foi registrado num momento em que a Bélgica permanece em estado de alerta após os ataques suicidas no aeroporto e metrô da capital, em março passado, reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).
O INCC, situado no norte da cidade, é uma instituição científica que realiza análises judiciais.
“O lugar não foi escolhido ao acaso (…) Trata-se de uma instituição importante que ajuda a justiça e possui informação sensível relacionada com várias investigações em andamento”, disse Ine Van Wymersch, porta-voz do gabinete do procurador de Bruxelas.
“A possibilidade de que seja um ato terrorista não está confirmada. Convém apontar que várias pessoas quiseram destruir provas vinculadas aos seus casos legais”, acrescentou Van Wymersch.
Além disso, a porta-voz disse que “vários criminosos invadiram o instituto com um carro” e aparentemente atacaram deliberadamente a ala do edifício onde se encontram os laboratórios.
Os cinco suspeitos detidos foram “interrogados para determinar seu envolvimento” nos fatos, segundo a procuradoria, mas posteriormente foram libertados.
O incêndio, declarado às 02h00 da madrugada (21h00 de Brasília de domingo), provocou várias explosões, segundo testemunhas. “A origem das explosões ainda não pôde ser determinada”, indicou a procuradoria, que abriu uma investigação por “incêndio voluntário e danos por explosão”.
Não havia ninguém no lugar e também não foram registrados feridos, segundo as autoridades. Integrantes do esquadrão anti-bombas da polícia se dirigiram ao local.
– Incêndio e explosão –
O porta-voz do corpo de bombeiros, Pierre Meys, indicou à AFP que os danos são importantes e falou de uma explosão “muito violenta”. “Várias janelas do laboratório explodiram e voaram dezenas de metros”, explicou.
Por volta das 03h00 da manhã 30 bombeiros trabalhavam no local para apagar o incêndio.
Segundo uma testemunha, uma mulher que não quis informar seu nome, a explosão fez sua casa tremer. “Pensamos em várias possibilidades porque estamos próximos de uma zona industrial”, explicou.
De acordo com a polícia, “vários autores forçaram a entrada do recinto do INCC com seu veículo” e atingiram o edifício onde estão os laboratórios. As autoridades negaram, no entanto, que os carros tenham se lançado contra a porta, como indicaram alguns meios de comunicação belgas.
A circulação seguia parcialmente bloqueada na zona, indicou um jornalista da AFP no local.
A Bélgica está em estado de alerta desde os atentados de 22 de março, que deixaram 32 mortos no aeroporto internacional de Bruxelas e na estação de metrô de Maelbeek.
O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou estes atentados, assim como um ataque contra dois agentes da polícia no dia 6 de agosto.
As autoridades levam muito a sério qualquer alerta.
Em agosto, dois voos internacionais pousaram no aeroporto de Bruxelas depois de um alerta por bomba, que se revelaram falsos.
A célula extremista responsável pelos ataques de Bruxelas também estava envolvida nos atentados de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos.
Desde então as autoridades detiveram várias pessoas relacionadas aos ataques de Bruxelas e Paris, entre elas Salah Abdeslam, o único sobrevivente da célula de Paris que foi extraditado à França.