Fora dos Jogos Olímpicos do Rio, Cesar Cielo decidiu deixar o ostracismo em 2017 ao assinar vínculo de dois anos com o Esporte Clube Pinheiros e retomar a parceria com o treinador Alberto Pinto da Silva, o Albertinho. Desde então, vive uma nova experiência no esporte, colaborando para o desenvolvimento coletivo.

“Treinei muito tempo sozinho nos últimos anos, com grupo pequeno ou até mais velho. A gente não trocava tanta informação como eu troco com a molecada, é uma volta completamente diferente. Dessa vez, voltei para um grupo jovem e estou tentando ajudar mais eles do que eu mesmo. Sempre puxei mais para o lado egoísta nesse período que estava buscando meus títulos. Estou curtindo bastante, está sendo interessante. Vamos ver se vai dar resultado para eles e para mim também”, afirma.

E a disposição do campeão olímpico em 2008 na função de “mentor” de novos talentos foi recebida por Albertinho como uma surpresa positiva. O treinador ainda destacou o sorriso diário no rosto do atleta e a leveza com que tem encarado a rotina. “Ele estava há muito tempo treinando sozinho e muito focado só em resultado. Falei para ele a falta que faz um time, mas não sabia se estaria tão disposto no dia a dia a estar envolvido e me ajudar a formar esse grupo da nova geração. Isso foi outra surpresa. Ele interagiu com o grupo e, do começo do ano até aqui foi muito bom, além da minha expectativa”, elogia.

Um dos seus colegas de treino é Luiz Gustavo, filho de Gustavo Borges. O nadador de 17 anos já até recebeu o apelido de “Linguiça Júnior” como retribuição pelas alcunhas colocadas pelo ex-nadador quando Cielo ainda era garoto e dividiam a piscina no Pinheiros. “O Gustavinho tem a mesma idade que eu tinha quando treinava com o Gustavo, é uma relação muito parecida”, destaca. Mas a brincadeira tem data para acabar, já que o garoto está acertado para estudar em Michigan, nos Estados Unidos.

Ver a “molecada” obter bons resultados no Troféu Maria Lenk, de 2 a 6 de maio, está entre os objetivos pessoais de Cielo, assim como “bater na borda da piscina e mostrar que fez o que sabe”. A competição é classificatória para o Mundial de Esportes Aquáticos de Budapeste, em julho. Para o recordista mundial nos 50 m (20s91) e nos 100 m livre (46s91), o mais importante será nadar melhor do que no ano passado. Em 2016, Cielo marcou 21s91 no cronômetro na prova mais rápida e deu adeus ao sonho olímpico.

“A gente tem uma tomada de tempo na semana que vem, pretendo já estar fazendo tempos mais próximos do que quero no Maria Lenk. Estou me sentindo melhor, estou treinando melhor, estou sentindo meu corpo melhor. No geral, está muito melhor. Até isso se transferir em um resultado melhor é uma coisa diferente. Minha expectativa é nadar perto dos tempos de 2014 (por volta de 21s6)”, projeta.

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Quem também está otimista é seu orientador. “Eu tenho convicção que as marcas vão cair, ele vai estar melhor do que estava no ano olímpico”, disse Albertinho, que tem conduzido a retomada de Cielo e espera contar com a experiência e a sensibilidade do próprio atleta à medida que ele for se sentindo mais confiante.

A boa condição física foi determinante para que Cielo voltasse aos treinos com afinco. O primeiro indício de que não queria deixar as piscinas veio durante o Cesar Cielo Swim Clinic para jovens nadadores em Aracaju, em dezembro. No mês seguinte, passou a treinar sozinho no Centro Olímpico, no Ibirapuera, em São Paulo, em preparação para uma clínica na Argentina com o ex-nadador José Meolans. Após alguns testes e da resposta positiva de seu corpo, o atleta de Santa Bárbara do Oeste não teve mais dúvidas.

“O primeiro dia foi uma desgraça. Achei que estava treinando bem, mas os caras estão em forma, tomei um caldo até das meninas”, brinca. “Não queria parar ainda, estava sentindo falta da piscina, sentindo falta do desafio diário. Estou muito satisfeito com a volta esse ano”, completa.

Cesar Cielo, que está de olho nos velocistas dos Estados Unidos, evita fazer planos a longo prazo e diz que o cenário será preponderante na decisão de lutar por uma vaga nos Jogos Olímpicos de 2020. “Fechei com Albertinho dois anos para a gente melhorar ou chegar o mais perto possível dos meus melhores tempos. Conseguindo isso até dezembro de 2018, devo pensar em fechar o ciclo olímpico em Tóquio.”


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