08/03/2017 - 8:40
A China, única aliada do regime de Pyongyang, propôs nesta quarta-feira um compromisso para evitar “um choque frontal” entre as duas Coreias, ao sugerir ao Norte que suspenda suas atividades nucleares em troca da detenção das manobras militares dos Estados Unidos na Coreia do Sul.
A proposta chinesa foi apresentada depois que o Conselho de Segurança da ONU condenou na terça-feira à noite os mais recentes lançamentos de mísseis norte-coreanos, que chamou de “grave violação” das resoluções do organismo, antes mesmo de celebrar uma reunião em caráter de urgência nesta quarta-feira.
O regime norte-coreano “rejeitou categoricamente” a condenação da ONU e alegou que as manobras militares conjuntas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos estimulam o país a adotar “medidas mais duras”.
O comportamento dos Estados Unidos na ONU é o de “um malfeitor que grita ‘ladrão'”, afirmou um porta-voz do ministério norte-coreano das Relações Exteriores.
– Aumento da tensão –
A proposta do chanceler chinês Wang Yi foi anunciada após vários eventos recentes que elevaram a tensão na região, incluindo o lançamento de quatro mísseis na segunda-feira pela Coreia do Norte – três deles caíram perigosamente perto da costa do Japão.
A China está especialmente preocupada com o sistema americano de defesa antimísseis THAAD, que está sendo instalado na Coreia do Sul como escudo de proteção contra a crescente ameaça dos mísseis do Norte.
Wang advertiu sobre a “crise iminente” provocada pelos testes nucleares e de mísseis da Coreia do Norte, assim como pelos exercícios militares anuais dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.
“As duas partes são como dois trens que aceleram à medida que se aproximam um do outro e nenhum dos dois está disposto a ceder passagem”, afirmou Wang.
Para o chanceler chinês, “a questão é: As partes estão realmente dispostas a um choque frontal? Nossa prioridade hoje é parar a luz vermelha e frear os dois trens”.
A China propõe como primeiro passo que a Coreia do Norte suspenda suas atividades nucleares e de mísseis em troca da paralisação das manobras conjuntas em grande escala de Estados Unidos e Coreia do Sul”.
Na segunda-feira, Pyongyang lançou ao menos quatro mísseis em direção ao Mar do Japão e três deles caíram dentro das 200 milhas náuticas da zona econômica exclusiva japonesa.
Seul e Washington haviam iniciado algumas horas antes os exercícios militares conjuntos anuais que sempre enfurecem Pyongyang.
O governo americano anunciou ainda o início da instalação de um sistema de proteção contra os mísseis da Coreia do Norte, que Pequim considera uma ameaça contra seus próprios interesses de defesa.
Wang disse que a “suspensão em troca de outra suspensão pode nos ajudar a sair do dilema de segurança e levar as partes de volta à mesa de negociações”, conversações que teriam como objetivo dar fim aos programas de armamento de Pyongyang.
– Nova reunião urgente –
Seis pacotes sucessivos de sanções impostos pela ONU desde o primeiro teste nuclear norte-coreano em 2006, no entanto, não conseguiram dissuadir Pyongyang de seguir adiante com seu programa.
A Coreia do Norte afirmou na terça-feira que os disparos de mísseis eram um exercício para preparar um eventual ataque contra bases dos Estados Unidos no Japão.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá em caráter de urgência nesta quarta-feira a pedido do Japão e dos Estados Unidos para discutir os recentes lançamentos de mísseis norte-coreanos.
O presidente americano Donald Trump expressou o “compromisso inviolável dos Estados Unidos de estar ao lado do Japão e da Coreia do Sul ante as sérias ameaças representadas pela Coreia do Norte”.
O Departamento de Estado americano informou na noite de terça-feira que o secretário Rex Tillerson visitará Coreia do Sul, Japão e China entre 15 e 19 de março.
“Em cada país o secretário Tillerson se reunirá com altos funcionários para discutir assuntos bilaterais e multilaterais, incluindo a cooperação estratégica para enfrentar o avanço da ameaça nuclear e de mísseis da RPDC (Coreia do Norte) e reafirmar o compromisso da administração (de Donald Trump) para ampliar os interesses em segurança e econômicos dos EUA na região Ásia-Pacífico”, informou o porta-voz Mark Toner.