Charutos envenenados, caramujos com explosivos, um traje de mergulho contaminado: a imaginação da CIA foi muito frutífera em suas tentativas de assassinar o líder cubano Fidel Castro.

As causas da morte de Fidel Castro, que sobreviveu a dez presidentes, são um segredo de Estado e ninguém sabe de que morreu “o comandante”, nem mesmo no dia de seu enterro na cidade de Santiago de Cuba.

Castro indicou no passado ter sido alvo de 600 tentativas de assassinato, mas tudo indica que o líder cubano, de 80 anos, faleceu por sua idade avançada. Fidel Castro estava afastado da liderança do governo desde 2006, quando anunciou seu estado de saúde debilitado e passou o poder ao seu irmão Raúl.

Documentos da CIA e um relatório do Comitê do Senado presidido pelo congressista democrata Frank Churc em 1975 revelam conspirações muito criativas e sofisticadas, embora muitas “não tenham saído da fase do laboratório”.

– Depilar o ‘barbudo’ –

Algumas das ideias não tinham como objetivo matar Castro, e se pareciam mais com engenhosas travessuras de estudantes adolescentes.

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O Comitê Church informou que de março a agosto de 1960 “a CIA avaliou planos para minimizar o carisma de Castro sabotando seus discursos”.

Uma ideia levantada foi espalhar com aerosol um químico similar ao LSD no estúdio de gravação de Castro, mas o plano foi rejeitado. A ideia era mostrar aos cubanos que seu líder havia perdido a razão, e desta maneira seus simpatizantes deixariam de confiar nele.

Da mesma forma, a Divisão de Serviços Técnicos (TSD, em inglês) considerou espalhar um químico que produz desorientação temporária, de maneira que Castro parecesse como um maluco.

Talvez um dos atentados mais peculiares que foram planejados contra ele tenha sido dirigido contra sua barba, ícone dos revolucionários e considerada um elemento importante de seu magnetismo.

A CIA cogitou colocar sal de tálio em seus sapatos, de modo que, ao ser absorvido ou inalado, provocaria a queda do cabelo. Com o fim da barba, teria fim seu magnetismo. Mas o plano também não prosperou.

– Charuto letal –

O relatório do Comitê Church encontrou “evidências concretas” de que ocorreram ao menos “oito tentativas concretas da CIA de assassinar Fidel Castro de 1960 a 1965”.

Conhecida a predileção de Castro pelo tabaco, uma caixa dos charutos favoritos do líder cubano foi tratada com uma “toxina botulínica letal tão potente que mataria qualquer pessoa que apenas colocasse um cigarro na boca”, disse o Comitê.

Os charutos foram entregues a uma pessoa não identificada em fevereiro de 1961, mas “o relatório não diz se finalmente ocorreu a tentativa de levar os cigarros a Castro”.

– Máfia –

Em 1960, a CIA recrutou homens armados da máfia para assassinar Castro e ofereceu uma recompensa de 150.000 dólares a quem conseguisse matá-lo.


A agência considerou disparar contra Castro em um estilo “assassinato mafioso”, mas os assassinos propuseram um método mais discreto: colocar uma pastilha venenosa na bebida ou na comida de Castro.

O TSD elaborou uma pastilha com a toxina botulínica, que foi entregue ao funcionário cubano Juan Orta.

Mas, depois de várias tentativas, Orta aparentemente entrou em pânico e abandonou a missão, segundo um documento da CIA.

O plano de assassinar Castro com veneno se reavivou após o fiasco para os Estados Unidos da invasão à Baía dos Porcos, mas foi abandonado em 1963.

– Moluscos explosivos –

Em 1963, o chefe de um setor da CIA pediu a um assistente que investigasse a possibilidade de colocar um caramujo explosivo nos locais em que Castro praticava mergulho. Depois de ser analisado minuciosamente, o plano foi descartado.

– Traje de mergulho contaminado –

A CIA considerou pedir a James Donovan, o advogado encarregado de negociar com Castro a libertação dos prisioneiros da Baía dos Porcos, que levasse ao líder cubano um traje de mergulho “contaminado”.

O plano consistia em introduzir no forro do traje de neoprene esporos e bactérias que provocariam nele uma grave doença na pele. O laboratório também contaminou o respirador. Mas tudo ficou dentro do laboratório.

– Caneta envenenada –

A CIA forneceu a um líder cubano de alto escalão chamado de AM/LASH, que queria eliminar Castro, uma caneta esferográfica com uma agulha hipodérmica tão fina que Fidel não perceberia se alguém a pressionasse contra ele, injetando em sua pele um potente veneno. Este plano também falhou.

Apenas uma coincidência histórica: a caneta foi entregue a AM/LASH em 12 de novembro de 1963, dia em que o presidente americano John F. Kennedy foi assassinado em Dallas.



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