Reportagem publicada no site do jornal O Globo na tarde desta quinta-feira (18), no blog do colunista Lauro Jardim, mostram cenas de malas recheadas de dinheiro que teriam sido entregues ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e ao primo de Aécio Neves, Frederico Pacheco de Medeiros, conhecido como Fred. Os pagamentos de R$ 500 mil a Loures e R$ 1,5 milhão a Frederico, segundo o jornal, teriam sido filmados pela Polícia Federal (PF) e por câmeras de segurança.

As imagens corroboram com informações que o mesmo colunista publicou nesta quarta-feira (19), em que descreve a delação premiada de Joesley Batista, dono do grupo JBS, à Procuradoria-Geral da República (PGR). O empresário teria acusado o presidente Michel Temer de indicar Loures para resolver pendências do grupo. Essa indicação, que segundo o jornal serviria para comprar votos favoráveis à JSB no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), teria resultado no pagamento milionário flagrado pelas imagens que surgiram nesta quinta. Não há evidência, até o momento, de que membros do conselho tenham efetivamente agido em favor da empresa.

Já o pagamento a Fred teria ocorrido, segundo o relato de Joesley, após o senador Aécio Neves requisitar R$ 2 milhões para o pagamento de sua defesa na Lava Jato. O primo de Aécio já foi diretor da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) na área de logística, e um dos coordenadores da campanha presidencial tucana em 2014.

Em uma ‘ação controlada’, que é quando a polícia age para obter provas em flagrante, a PF rastreou a mala de dinheiro entregue a Frederico e descobriu que, na verdade, o pagamento foi entregue ao senador Zezé Perrella (PSDB-MG).

Malas com dinheiro da JBS enviado a Aécio Neves
Malas com dinheiro da JBS enviado a Aécio Neves (Crédito:Reprodução / O Globo)

Entrega. Os pagamentos, tanto a Loures quanto a Fred, teriam sido feitos pelo diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud. Segundo O Globo, Saud é um dos sete executivos do grupo que fizeram acordo de delação premiada com a PGR.

A entrega de dinheiro a Loures teria ocorrido no dia 28 de abril, portanto cerca de sete semanas após a reunião entre Temer e Joesley no Palácio do Jaburu. De acordo com o presidente, ele realmente se reuniu com o empresário no começo daquele mês, mas “não houve qualquer diálogo que comprometesse o presidente”. Temer também nega a alegação, feita por Joesley em seu depoimento, de que tenha incentivado o pagamento de suborno pelo silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso na operação Lava Jato.

O site de O Globo diz ainda que foram feitos quatro pagamentos a Fred, e que a PF teria registrado três dessas entregas de dinheiro. Uma delas teria ocorrido no dia 12 de abril, e outra no dia 19 do mesmo mês.