Os mitos estão caindo.
Primeiro caiu o do PT, que por anos se vendeu como o partido que iria moralizar o País.
O partido da ética.
Do Salvador da Pátria.
Caiu e ainda arrastou consigo o mito do próprio Salvador.
O operário que chegou ao poder.
“São 300 picaretas com anel de doutor”, dizia ele.
Agora são 301 contando com Vossa Excelência.
Mas o fim da mitocracia não ocorreu só no Brasil.
Na Europa o Brexit derrubou o mito do bloco econômico.
Nos EUA caiu o mito do Presidente sabonete, aquele que sempre sabe ensaboar qualquer problema.
Assumiu esse falastrão.
Mas o destino é insaciável e essa semana derrubou
o mito do brasileiro mais rico do mundo.
Eike está preso.
No entanto, grave mesmo é que aproveitadores tentaram derrubar junto o mito do careca.
Escutei muita gente dizer:
“Quem diria, hein? Eike não só é bandido como também é careca”.
Aí não, gente.
Vamos deixar claro que o problema não é ser calvo e sim usar peruca.
Porque peruca é a prova de que o sujeito está disposto
a enganar você já no primeiro encontro.
Engana primeiro a si mesmo.
Depois engana o mundo.
Sem escrúpulos.
Embaixo de uma peruca não existe pecado.
A peruca abafa a voz do senso crítico e da razão.
Imagine você se olhando no espelho, com aquela aranha estampada na moleira e dizendo: – To gato. Vamos pro camarote da balada.
Percebe?
Uma peruca, mesmo que manufaturada por marroquinas com pelos de camelo virgem, é um artefato criminoso
Uma arma de dissimulação.
Peruca acaju, inclusive, é um dos raros casos onde
a lei permite eutanásia.
Existe uma enorme diferença entre o careca assumido, garboso, elegante como eu e os floridos peruqueiros.
Ou mesmo entre macho-alfa que descasca a epiderme com navalha, no que restou de cabeludo no couro, para conseguir um escanhoado digno de um Yul Brynner
e esses enganadores.
O brasileiro tem dificuldade para entender os sinais.
Careca bom.
Peruca ruim.
Entende?
Mesmo as perucas históricas, como a de Andy Warhol, devem ser vista com certo resguardo.
Warhol, dizem, fixava sua peruca com velcro, imagine
que horror.
Até que o resultado era divertido, mas não deixava
de ser desonesto.
Já a do Eike era uma peruca maligna pura e simplesmente.

Vamos deixar claro que o problema não é ser calvo e sim usar peruca

Tornava sua imagem falsa como adolescente que enche
a cueca de jornal.
Fico imaginando como a Justiça lidará com essa peruca.
Será esquecida num armário e catalogada como “evidência”?
Ou usada pelo Ministério Público como prova da acusação:
– Os senhores vejam que o acusado é uma farsa dos pés
à cabeça, balançando a peruca como prova.
Independente do destino de peruca e peruqueiro acho que, agora que a casa caiu, temos de nos valer do “momentum” para extirpar essa canalhice.
É hora de declarar guerra a esses facínoras embusteiros.
Vamos seguir o exemplo de Trump e fechar os aeroportos aos peruqueiros.
Máquinas de raio X dirão se existem raízes nos folículos capilares.
Quem não tiver, já sabe: escalpo.
E mais.
Aqueles que desconfiamos, terão de provar sua inocência.