Nas terras férteis das margens do rio Nilo, um povo rapidamente prosperava em meio às areias do deserto do Saara. Há 7 mil anos, eles ainda não dominavam a escrita, mas já estabeleciam as bases daquela que seria uma das maiores civilizações da humanidade: o Egito dos faraós. Agora, uma escavação conduzida pelo ministério de Antiguidades do País descobriu ruínas que podem pertencer à primeira capital do império. “O achado traz novas informações sobre a cidade de Abydos e a história da civilização egípcia”, disse Mahmoud Afify, chefe do departamento responsável pela revelação.

Foram descobertos cemitérios e uma zona residencial datados do ano de 5.316 a.C., divulgaram as autoridades. Pelo menos 15 tumbas levantadas com tijolos feitos de lama foram encontradas, além de ferramentas de pedra e cerâmica do período. De acordo com os arqueólogos, os objetos pertenciam a altos membros da administração local, responsáveis pela construção dos túmulos da família real de Abydos. Além disso, a cidade supria força de trabalho, comida e bebidas para as obras. Líder da equipe, Yasser Hussein afirmou que esses são os mais antigos túmulos de um estilo conhecido como “mastaba”.

O INÍCIO DE UMA ERA

As edificações pertencem ao período pré-dinástico do Egito, anterior ao aparecimento dos grandes faraós. Esses famosos governantes nasceram mais de dois mil anos depois da vida das pessoas às quais as novas descobertas se referem. Nessa época, a civilização egípcia ainda não havia sido unificada, sendo composta por várias culturas em conflito. Muitas famílias reais, hoje esquecidas, viveram em Abydos – incluindo aquela ligada às ruínas agora reveladas. Mas foi da cidade que depois saiu a linhagem dos tinitas, que consolidou o Egito Antigo. “Assim, essa parece ser a capital do começo da história egípcia”, disse à BBC Chris Eyre, professor da Universidade de Liverpool.

As pernas de Nefertari

Foi revelada em dezembro a identificação dos restos mortais de uma das mais famosas rainhas do Egito Antigo, Nefertari, esposa do faraó Ramsés, o Grande, o maior daquela civilização. Por meio de exames químicos, pesquisadores confirmaram que os joelhos mumificados encontrados em 1904 de fato pertenceram à monarca. O sarcófago onde foram achados possuía murais representando a bela governante, mas como os túmulos às vezes eram reutilizados e contaminados com restos de inundações, a hipótese ainda não havia sido totalmente confirmada.