BATALHA CAMPAL Estamos diante de uma crise institucional?
BATALHA CAMPAL Estamos diante de uma crise institucional?

NA ESPLANADA
Por duas vezes, em apenas uma semana, já marcada pelo choque das delações da Odebrecht sobre vestais do Executivo, as togas do STF rodaram como as baianas na Sapucaí e, como estas, atraíram todos os holofotes. Em ambas, as coincidências foram muitas; e deverão crescer, diante da enorme possibilidade de destino comum após a apreciação do mérito da última delas pelo Pleno do Tribunal.

As polêmicas liminares dos ministros Marco Aurélio Mello e Luiz Fux foram idênticas na forma (decisões monocráticas), na dimensão (impondo-se a outro Poder), no apoio popular (quem de boa índole não quer Renan Calheiros no ostracismo e a implementação das Dez Medidas Contra a Corrupção?), na repercussão política (a tal “crise institucional” vem sendo comparada ao fim do mundo) e no impacto sobre a Corte (obrigada a malabarismos oratórios para fazer crer que legal e justo são valores idênticos).

Outros eventos provam a natureza univitelina dos episódios. Por exemplo: o ministro Gilmar Mendes, que fora dos autos padece de incontinência verbal mais própria a salões de beleza, atacou pela imprensa de forma pouco protocolar, para dizer o mínimo, as decisões daqueles seus pares na Corte. A Mello, chamou de maluco; a Fux, de surtado. Não, não… me desculpem. Não foram essas suas palavras exatas. Mas, em se tratando do referido autor e de tal estilo, certamente Sua Excelência não se ofenderá com a livre interpretação das críticas que, de público, quis fazer. Mas a mais significativa identidade entre os dois casos se dará no seu destino: ambos resultarão em nada. Vejam só: no primeiro evento, Renan deixou a linha sucessória do Planalto, como se a hipótese de sua unção à cadeira de Temer, noves fora salamaleques, figurasse no horizonte real do país. Na mesma “sentença”, reforçando a profusão de bolhas de sabão, o imbatível cacique alagoano foi solenemente mantido no comando do Congresso – mas por efêmera quinzena, já que seu mandato na função expira antes do Natal.

No segundo evento, mesmo que não seja cassada, a liminar de Fux devolveu à origem projeto que a Câmara já havia votado e sacramentado. Ora, recebendo de volta o filho feio, bastará aos deputados, caso desejem, engavetar a matéria por milênios, deixando que, como tantas outras, morra de mofo. Enfim, há algo de alucinógeno em todo esse carnaval das mais altas autoridades do país. O chato é perceber que a onda deve ser boa, pois duradoura, mas inacessível aos morais que pagam pela festa.

FILANTROPIA
A favor do outro
Quase metade dos brasileiros ajuda terceiros ou faz trabalho voluntário ao menos uma vez por mês. O índice de 44% nos colocou em honroso 6º lugar entre 17 países, em recente pesquisa do instituto GfK, para avaliar a solidariedade global. Foram ouvidas 22 mil pessoas, com mais de 15 anos. México (49%), EUA (46%) e Holanda (45%) ocuparam os primeiros lugares. Por gênero, homens são um pouco mais solidários do que as mulheres (13%).

STF
Réveillon na cadeia

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A reclamação proposta por Eduardo Cunha (foto) pedindo a revogação de sua prisão deveria ser julgada ainda este ano pela 2ª Turma do STF, composta por Teori Zavascki, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. No entanto, diante do forte rumor de que Mendes e Toffoli trabalhavam pela soltura do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Teori, relator do caso, transferiu o julgamento para o Plenário. A previsão é que se realize no dia 8 de fevereiro.

BRASIL
Direto ao ataque
Crítico da colaboração premiada – “foi banalizada na Lava Jato” – o advogado José Luís Oliveira Lima vai processar o ex-diretor da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. José Yunes (foto) o contratou, depois de acusado pelo executivo de ter recebido dinheiro em espécie da empreiteira, para a campanha do PMDB em 2014. O ex-assessor especial da Presidência da República queria reagir na hora que a delação vazou, mas foi contido pelo amigo Michel Temer. Vendo que a irritação não passaria, chorou de emoção e raiva, pediu demissão e agora vai para a briga.

MEIO AMBIENTE
Tropa de choque
Diante do crescente desmatamento na Amazônia, o Governo Federal vai convocar as Forças Armadas para enfrentar as quadrilhas que atuam na região – 7.989 quilômetros quadrados arrasados entre 2015 e 2016. O Planalto sabe que só a fiscalização do Ibama não dará conta do recado. Até o Itamaraty entrará na guerra. A reunião inicial de articulação foi na quinta-feira 15. Roraima e Amapá serão os primeiros palcos da ação conjunta, a partir de janeiro de 2017.

CALICUTE
Sem limites

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Segundo procuradores envolvidos na Operação Calicute, o uso de helicópteros do Governo do RJ para atender a caprichos da família Cabral não se limitava ao transporte de cachorros, empregados, bagagens (em voos exclusivos para esse fim), familiares e convidados. Não… Num desses deslocamentos, no Carnaval de 2014, o passageiro único era o cabelereiro que prepararia a primeira dama Adriana Ancelmo (foto) e algumas amigas, para assistirem o desfile das escolas de samba. Noutro, a carga exclusiva foi um pacote do remédio Neosaldina, para dor de cabeça…

CULTURA
Próxima atração

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“Vamp”, grande sucesso como telenovela da Rede Globo, vai virar musical. A data de estréia é 10 de março, no Teatro Riachuelo, na Cinelândia (RJ). Com texto de Antonio Calmon, direção de Jorge Fernando e elenco estrelado por Ney Latorraca (foto), Cláudia Netto e Cláudia Ohana. Com o mesmo humor da novela, só que na base do teatro de revista. Ôba!

JUDICIÁRIO
Drama intenso

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Considerado um espécie de “pai” da Lava Jato, pela forma como conduziu a Operação Satiagraha há dez anos, de também combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, o juiz Fausto De Sanctis, do TRF da 3ª Região, deu palestra no Rio de Janeiro na semana passada. Como era de se esperar foi perguntado como via a atuação do STF hoje, com os crescentes conflitos entre ministros: “o supremo parece uma novela”

INFRAESTRUTURA
Fim da caixa preta
O primeiro edital para escolha de projetos de infraestrutura com recursos do FI-FGTS, a ser publicado em janeiro, selecionará até 15 propostas – decisão em março. Cada uma pode ter aporte mínimo de R$ 100 milhões e máximo de R$ 1 bilhão. São R$ 7 bilhões em jogo nessa primeira rodada. Projetos que estão na CEF serão cancelados. As empresas terão que inscrevê-los na chamada pública. O comitê de investimento do FI-FGTS fixou novas regras na semana passada, para evitar a interferência de políticos, lobistas e até gente da Caixa (gestora do FI) no polpudo fundo.

BRASIL
Sempre ela

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Do primeiro ao último parágrafo foi escrita por Grace Mendonça (foto), advogada-geral da União, a carta de Michel Temer à Procuradoria-Geral da República. O texto classifica de “ilegítima” a divulgação por vazamentos de investigações criminais e cobra agilidade na condução do processo. A autora levou o texto à PGR. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, até quis fazê-lo, mas Temer disse não.