ANCARA, 13 MAR (ANSA) – A tensão entre a Holanda e a Turquia continua se elevando desde o último sábado (11), quando Amsterdã proibiu dois ministros turcos de participarem de um comício político na cidade de Rotterdam. O caso pode colocar em risco as relações diplomáticas biletarais e afetar a estabilidade da União Europeia (UE).   

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou a Holanda de ser “fascista” e “nazista”, ofensas que Amsterdã exigiu que sejam retiradas. Caso contrário, “as relações entre os dois países ficarão difíceis”, argumentou o governo. A Turquia convocou o representante diplomático holandês para protestar contra o tratamento aos dois ministros. O contatado foi o encarregado de negócios Daan Feddo Huisinga,, já que a embaixada está em período de férias.   

Ancara enviou duas cartas de protestos formais, as quais citam também o “uso desproporcionado” da força contra manifestantes turcos na Holanda no fim de semana. A Holanda, por sua vez, emitiu um alerta para os cidadãos do país que pretendem viajar ou que já estão em solo turco. “Diante das tensões diplomáticas entre Holanda e Turquia desde 11 de março de 2016, fiquem em alerta em todo o território e evitem encontros e multidões em locais muito frequentados”. Na Europa, alguns países já começaram a se pronunciar sobre o caso. A Alemanha ficou ao lado da Holanda e afirmou que a nação “sofreu muito por causa do nazismo” e que “Rotterdam foi alvo de bombardeios assustadores”. “A Holanda tem a nossa solidariedade pelas declarações desproporcionais”, disse o prota-voz de Berlim, Steffen Seibert. Já o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, pediu que os dois países tenham um “diálogo robusto”, que é “o coração das democracias, mas com respeito”. “Peço que seja um diálogo comedido não somente entre Turquia e Holanda, mas também com a Alemanha e os aliados europeus da Otan”, comentou. “O importante é se concentrar nos desafios comuns e nas questões que geram divisão”.   

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu para que a Turquia “se abstenha de comentários excessivos e de ações que possam exacerbar a situação”, a qual “deve ser resolvida mantendo um bom canal aberto de comunicação”. No último sábado, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, iria a Rotterdam para participar de um comício com turcos que vivem no país sobre o referendo constitucional que Ancara convocou que pode mudar o sistema de governo e dar mais poderes a Erdogan. O governo holandês, no entanto, proibiu o avião do chanceler de pousar. A ministra da Família da Turquia, Fatma Betül Sayan Kaya, também foi escoltada até a fronteira com a Aleamanha para deixar o território. A Holanda argumentou que a presença dois dois ministros no evento político poderia colocar a segurança em risco e acarretar tumultos. (ANSA)