Os torturadores egressos dos porões da ditadura militar no Brasil se veem livres da ação da Justiça porque a Lei de Anistia, que acolheu em 1979 os adversários do regime de exceção, também os abrangeu pelo “princípio jurídico da conexidade”. Eles não estão a salvo, no entanto, de julgamento em outros países. É o caso dos brasileiros João Osvaldo Job, Carlos Alberto Ponzi, Átila Rohrsetzer e Marco Aurélio da Silva Reis. Na semana passada, a Justiça italiana anunciou que os quatro serão julgados em Roma e podem ser condenados à prisão perpétua sob a acusação de terem participado do sequestro, tortura e assassinato do italiano Lorenzo Viñas, quando atuavam na repressão Argentina pela Operação Condor – reunia forças repressivas da América do Sul. Job, Ponzi, Rohrsetzer e Reis vivem atualmente no Brasil, vão ser julgados à revelia na Itália e não serão extraditados em caso de condenação. Ainda que fora do nosso território e apesar de seguirem impunes, essa será a primeira vez que brasileiros acusados de tortura no período totalitário se tornam réus.


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