Uma postagem feita há cerca de dez dias no Facebook jurando fidelidade ao Estado Islâmico (EI) foi um dos motivos que levaram a Polícia Federal (PF) a prender Chaer Kalaoun, de 31 anos, sob a acusação de envolvimento com o terrorismo, na tarde de quarta-feira. O suspeito tem residências no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.

Segundo o vizinho de porta de Chaer em um prédio de três andares no centro de Nova Iguaçu, Marcelo Tavares Patrício, de 42 anos, assim que o suspeito publicou a postagem, ele e a família lhe alertaram que a atitude era arriscada.

“Assim que eu li esse texto falei para o Chaer apagar porque podia lhe trazer problemas com a Justiça. Os irmãos também lhe alertaram e pararam de falar com ele. Logo depois eu tirei ele das minhas amizades. Ele acabou apagando o [perfil no] Facebook”, disse Patrício, vizinho da família do suspeito há 24 anos.

Segundo Patrício, entre 2013 e 2014, Chaer publicou em redes sociais fotografias portando armas, quando estava em viagem ao Líbano. Ele também publicou a imagem de uma mesquita em queda e vídeos de destruição, atribuindo a responsabilidade aos Estados Unidos. Por causa dessas publicações na internet, os irmãos de Chaer são proibidos de visitar os Estados Unidos, disse o vizinho à reportagem.

Em 2014, o suspeito foi preso por porte ilegal de arma no apartamento de Nova Iguaçu. Além de uma pistola Taurus calibre 380, policiais civis relataram no inquérito ter encontrado 19 munições, um carregador e R$ 18 mil em dinheiro. Também foram apreendidos dois HDs de computador. O processo ainda está em tramitação na Justiça. No processo, os policiais registraram que Chaer “é um indivíduo perigoso, causando risco de vida a si mesmo e a terceiros, conforme apurado no inquérito”.

Em 2014, Chaer também foi acusado de lesão corporal contra a namorada, que teria sido agredida com socos, chutes, tapas e pontapés.

Segundo o vizinho, Chaer tinha problemas psicológicos e fazia o uso de Rivotril. Os problemas teriam surgido quando tinha quatro anos de idade, pois presenciou o assassinato do pai, o comerciante Abdel Rahmenknzen. Um dos suspeitos de cometer o crime foi um primo de Chaer, depois absolvido. Segundo Patrício, até hoje o caso não foi solucionado.

“Ele tem problemas psicológicos, sim, toma remédios. Mas não acredito que seja um terrorista. Ele é tranquilo. Sua família é muito rica, do ramo dos tecidos, e ele não precisa trabalhar. Vive de herança. Chegou a cursar Direito, mas não terminou. Estava com planos de abrir uma loja de conserto de carros”, disse.

Chaer foi preso pela PF no apartamento em Copacabana. Os policiais o levaram até a residência em Nova Iguaçu, que foi vasculhado. A PF não informou o que foi apreendido nos dois imóveis.