O presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial, afirmou que as indicações são de que o País permanecerá como líder na geração de resultados globais do banco. Em 2016, a unidade brasileira reassumiu a liderança, ao atingir participação de 21%, à frente do Reino Unido, com 20%, que esteve na posição por dois anos. “Não posso responder pelos outros países porque não dá para imaginar que eles ficarão parados, mas tudo indica que o Brasil permanecerá na liderança de geração de resultados do Santander”, disse Rial, em entrevista à imprensa. De acordo com ele, o melhor do Santander no Brasil ainda está por vir, ainda que este ano tenha sido recorde para a instituição no País. O executivo destacou que o banco está focado em crescimento e não há nenhuma “distração” neste momento como, por exemplo, o movimento de Bradesco e Itaú Unibanco, que têm integrações pela frente. Questionado sobre um crédito específico que pesou na inadimplência da pessoa jurídica do quarto trimestre, Rial afirmou que a baixa se dará no primeiro trimestre deste ano. Em relação às provisões de R$ 517 milhões constituídas como um colchão complementar para grandes empresas, ele disse que é um movimento preventivo, de uma gestão rigorosa e que não indica nada iminente no futuro. Sobre as medidas dos depósitos compulsórios, o presidente do Santander afirmou que as mudanças são positivas, mas neutras. “Se são o começo, estão no caminho certo, mas se forem o fim, são medidas tímidas”, acrescentou. O Santander abriu nesta quinta a temporada de balanços do quarto trimestre dos grandes bancos de capital aberto no País. O banco registrou lucro líquido gerencial, que não exclui a amortização do ágio pela compra do Banco Real, de R$ 1,989 bilhão no quarto trimestre de 2016, 23,77% maior que em igual intervalo do ano anterior. No ano passado, o lucro líquido do Santander Brasil gerencial somou R$ 7,337 bilhões, cifra 10,8% maior que em 2015, de R$ 6,624 bilhões. Já no critério societário, o resultado do espanhol no País foi de R$ 5,533 bilhões em 2016, queda de 20,9% em relação aos R$ 6,998 bilhões registrados no exercício de 2015. Liquidez O mercado internacional tem muita liquidez e vontade de comprar Brasil, de acordo com o presidente do Santander Brasil. Como exemplo, ele citou a captação externa da Embraer na quarta, que o banco assessorou. A empresa levantou US$ 750 milhões, com vencimento em 1º de fevereiro de 2027. Rial afirmou ainda que espera que não só o mercado de dívida brasileiro, mas também o de ações deve se movimentar no País. “Acredito que devemos ter IPOs ainda no primeiro semestre no Brasil”, acrescentou ele. Desregulamentação O presidente do Santander Brasil espera que o governo adote uma agenda de desregulamentação do sistema nos próximos anos ou trimestres. “Agora, que o governo entrou na questão do compulsório, espero que também abrace uma agenda de desregulamentação”, afirmou ele. O executivo afirmou que a possibilidade de as pessoas utilizarem os recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de contas inativas é um sinal de desregulamentação, mas há várias questões que precisam ser tratadas como, por exemplo, o crédito direcionado, que responde por mais de 50% do total. “Há uma série de questões micro: a questão do cadastro positivo, mecanismos mais inteligentes para os pagadores com mais dificuldade, explosões de caixas eletrônicos (ATMs, na sigla em inglês), fraudes. Não são todos, mas isso tem de ser avaliado para podermos entregar um melhor produto ao consumidor”, disse o presidente do Santander Brasil. De acordo com Rial, 2017 começa com indicadores macroeconômicos melhores que no ano passado. Citou, dentre eles, o preço do petróleo, a expectativa de safra recorde e ainda a possibilidade de o País migrar para um dígito de juros básicos, a Selic. O Santander espera que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017 cresça 0,5% ante 2016 e 2,2% em 2018. Para a Selic, o Banco projeta taxa de 9,50% neste ano e de 9,38% no próximo. O IPCA, conforme a instituição, deve ficar em 4,7% e 4,5%, respectivamente. Já a taxa de câmbio deve ser de R$ 3,40 em 2017 e R$ 3,50 em 2018. Sobre o balanço do banco, Rial afirmou que a qualidade dos ativos, assim como suas provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, está sob controle. Segundo ele, o banco teve um ano excelente no País, beneficiado por um processo de transformação comercial, com o aumento da vinculação de clientes. “Chegamos a marca de R$ 2 bilhões de lucro no quarto trimestre”, concluiu ele. Banrisul Rial disse também que o banco tem obrigação de olhar o Banrisul caso a instituição venha a ser vendida, já que hoje é controlada pelo governo do Rio Grande do Sul. Ele não disse, porém, se acredita que o estatal será ofertado ao mercado como parte da solução da ajuda financeira ao Estado. “Nós iremos olhar. Temos obrigação, mas depende a questão do convencimento sobre a venda é função do governo”, afirmou. A venda do Banrisul para ajudar o socorro financeiro ao Rio Grande do Sul foi uma possibilidade antecipada pelo Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), em novembro do ano passado. O impasse está no fato de os processos de privatização no Estado do Rio Grande do Sul serem decididos por meio de plebiscito. Sobre o Rio de Janeiro, Rial afirmou que o Santander não está participando do consórcio de bancos de ajuda ao Estado, mas não disse se a instituição foi convidada para as conversas.