O Comitê de Estabilidade Financeiro (FSB, na sigla em inglês) do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) divulgou nesta quarta-feira, 19, um relatório especial apenas sobre o sistema financeiro no Brasil e deu amplo espaço para o possível impacto da Operação Lava Jato sobre os bancos e demais instituições do setor no País. Esta parte do trabalho, apresentada em um dos anexos do documento, praticamente reproduz o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) publicado pelo Banco Central (BC) em outubro de 2015.

No início, o documento explica o funcionamento da investigação feita pela Polícia Federal que foi a público pela primeira vez em março de 2014. Basicamente, a Operação aborda lavagem de dinheiro e denúncias de corrupção na Petrobras. “O BC avaliou a resiliência do sistema financeiro aos possíveis impactos de inadimplência das principais empresas de engenharia, empreiteiros e grupos econômicos”, explicou o documento. O FSB enfatizou que a autoridade monetária brasileira foi capaz de estimar o grau de dependência de cada empresa em relação a cada uma das outras empresas.

O exercício incluiu uma série de cenários com suposições conservadoras, e a possibilidade de as empresas se tornarem insolventes. Além disso, simulou as perdas em caso de inadimplência, excluindo garantias, seguros e outras formas de mitigação de perdas. A economia real foi também abordada no trabalho do BC, de acordo com o FSB. “A análise mostrou que, apesar destas perdas estimadas, o impacto sobre o capital dos bancos foi moderado e é facilmente absorvido pelos níveis de capital regulatório existentes.”

No limite, o BC calculou que um calote generalizado das empresas envolvidas pela Lava Jato teria um impacto de R$ 3,4 bilhões no sistema financeiro. “Mesmo aumentando a suposição base para todas as empresas, seus respectivos grupos, conexões de rede e funcionários, o Sistema Financeiro Nacional (SFN) continua a ter alta resistência, sem a verificação de uma instituição insolvente e uma necessidade de capital de R $ 3,4 bilhões”, detalhou o documento do Banco Central, reproduzido agora pelo FSB.