Uma casa de 63 m2 ocupa um espaço nobre dentro da 31ª edição da CASACOR São Paulo. Ela é moderna, com desenho formado por linhas elegantes, e esconde um detalhe que passaria imperceptível ao visitante não fosse um aviso em um das janelas: é uma construção sustentável, do teto ao piso.

O sistema construtivo emprega madeira de reflorestamento. Sobre o telhado, placas fotovoltaicas captam a energia solar que abaste a rede elétrica e carrega a bateria do carro na garagem. A água da chuva é canalizada para tratamento e pode ser usada para consumo. Paredes de vidro revestidas com películas refletivas favorecem a iluminação natural, filtrando o calor excessivo.

A ventilação cruzada, por meio de frestas em todo perímetro, mantém a temperatura amena, evitando o uso de ar-condicionado. As lâmpadas, evidentemente, são de LED, que gastam mais energia e duram mais. Do lado de fora, uma horta conta com plantas nativas e não alergênicas.

Todo o piso da área externa é drenante, o que permite direcionar a água da chuva para o lençol freático. Até a decoração se baseia no mesmo princípio de sustentabilidade, com móveis feitos a partir de materiais reciclados. “As pessoas até se assustam porque a ideia que elas têm de uma casa sustentável é uma casa de hippie”, diz a arquiteta Mariana Crego, autora do projeto.

 

Quebrar o tabu que ainda persiste quanto à ideia de sustentabilidade na arquitetura foi um dos desafios que a orientou na concepção visual da casa. O resultado chama a atenção. Mariana precisou de dois meses para planejar o espaço. Se fosse uma casa convencional, tudo estaria pronto vinte dias antes.

O preço da casa também causa admiração: a construção custou aproximadamente R$ 700 mil reais, valor equivalente ao de um apartamento do mesmo tamanho em um bairro de classe média alta na capital paulista. No longo prazo, porém, a casa sustentável é um investimento muito mais vantajoso. “O preço de uma construção convencional é muito alto, porque falta planejamento e uso adequado dos materiais”, explica o engenheiro Luiz Ferreira, consultor para empreendimentos sustentáveis.

 

Segundo Ferreira, a construção de uma casa sustentável precisa seguir quatro pilares: canteiro de obras de baixo impacto ambiental; ecoeficiência (uso racional dos recursos naturais), conforto e saúde dos usuários; e manutenção de baixo custo. “A casa sustentável leva em consideração a saúde dos seus habitantes, ou seja, eles gastam menos com remédios e hospitais. Há também a preocupação com o custo operacional. No final das contas é o mais barato e é o certo”, enfatiza. A arquiteta Mariana também acredita que este é o caminho da construção civil. “Não dá nem pra dizer que é uma tendência. As casas terão que ser planejadas dessa maneira”, afirma.

Casa modelo

Reprodução/Architectural Digest

A modelo Gisele Bündchen, embaixadora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, foi fiel à sustentabilidade até ao construir a mansão onde vive com o marido e os dois filhos, em Los Angeles. Cerca de 90% dos materiais usados na construção foram reaproveitados. Painéis solares e lâmpadas de LED reduzem o consumo de eletricidade e o quintal conta com horta, pomar e um pequeno galinheiro