No primeiro encontro a ser finalizado após a conclusão do julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve consolidar o mais longo período da história de estabilidade para a Selic (a taxa básica de juros).

Para os economistas do mercado financeiro, o colegiado do Banco Central tende a anunciar nesta quarta-feira, 31, a manutenção da Selic em 14,25% ao ano, sendo que esta será a nona ocasião consecutiva em que a taxa permanecerá neste patamar.

A primeira parte da reunião do comitê começou às 10h04 desta terça-feira, 30, quando foi feita a análise de mercado. Às 14h34, teve início a sessão sobre análise de conjuntura. Tradicionalmente, esta parte da tarde era o ponto de partida da reunião do colegiado. Agora, seguindo o regimento do Copom, o BC passou também a incorporar o encontro de análise de mercado (que sempre ocorreu) ao início dos trabalhos que culminará na decisão sobre o rumo dos juros nesta quarta.

Pesquisa do Broadcast Projeções feita com 77 casas aponta que todas elas esperam que a Selic permaneça em 14,25% ao ano. Essa expectativa é amparada pelas preocupações com a inflação, em especial no curto prazo.

A alta verificada nos preços dos alimentos, que inclusive vem mantendo os índices de inflação acumulados em 12 meses bem acima dos 6,5% do teto da meta em 2016, não deixaria espaço para um corte da Selic neste momento. Além disso, as preocupações em torno do ajuste fiscal promovido pelo governo interino de Michel Temer, que enfrenta resistências no Congresso, contribuem para a cautela em torno da Selic.

Nas últimas semanas, os economistas vêm traçando um cenário mais negativo para política monetária. Pelo Relatório de Mercado Focus, a Selic prevista para o fim de 2016 já está em 13,75% ao ano, depois de a projeção chegar a ser de 12,75% ao ano no início do governo interino. Para o fim de 2017, o mercado prevê uma Selic a 11,25% ao ano. Anteriormente, ela chegou a ser de 11,00%.

A reunião do Copom que começa nesta terça será a segunda sob o comando de Ilan Goldfajn no Banco Central e da nova diretoria formada por ele. No encontro anterior, o comunicado do Copom já foi apresentado em novo formato – mais completo e bem recebido pelos economistas do mercado. Na próxima terça-feira, dia 6, o BC divulgará a ata da reunião – também no novo formato, já adotado no encontro de julho do Copom.

Em suas comunicações mais recentes, Goldfajn vem reforçando a intenção de conduzir a inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2017. A tarefa, de acordo com o presidente, é “desafiadora e crível”.

O ano de 2016, no entanto, estaria perdido. No mercado financeiro, apesar da expectativa de que a Selic possa cair já neste ano, crescem as avaliações de que os cortes podem começar apenas no em 2017, em função da pressão inflacionária e das dúvidas em torno do ajuste fiscal.

O teor do comunicado do Copom e da ata desta 201ª reunião será observado pelos economistas, em busca de subsídios para suas próximas projeções.