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O Banco Central (BC) aumentou em 0,4 pontos percentuais sua projeção para inflação deste ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,9% para 7,3%. O número é pior que a meta da inflação, de 6,5%, e passa longe do centro da meta (4,5%). O cenário de mercado acompanhou a tendência, subindo de 7% para previsão de 7,3%. Os números estão no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta terça (27) em Brasília.

Essas projeções foram feitas com base no cenário de referência, que adota o dólar valendo R$ 3,30 e a taxa básica de juros, a Selic, nos 14,25% ao ano vigentes atualmente. Com este cenário, o BC agora projeta 4,4% de inflação para 2017, em vez dos 4,7% previstos anteriormente. O limite da meta para o ano que vem é 6%, com centro 4,5%. O cenário de mercado projeta 4,9% para o próximo ano, em vez de 5,5% como havia divulgado antes. Para 2018, a estimativa é de 4,6%.

No relatório lançado nesta terça, o BC também apresentou duas projeções levando em conta possíveis situações diferentes. Na primeira delas, a taxa de câmbio continua em R$ 3,30 e a Selic evoluirá conforme trajetória apurada pela pesquisa Focus, feita pelo BC junto a instituições financeiras. A previsão para esse cenário é de inflação em 7,3% neste ano, 4,8% em 2017 e 4,5% em 2018. O outro cenário previsto supõe uma taxa Selic mantida em 14,25% e taxa de câmbio evoluirá conforme projeções apuradas pela pesquisa Focus. Nessa situação, a alta dos preços seria de 7,3% em 2016, caindo para 4,5% no ano que vem e fechando 2018 em 4%.

PIB

A estimativa do BC para o Produto Interno Bruto (PIB) é de crescimento de 1,3% em 2017. A projeção é menos otimista que a do Ministério da Fazenda, que considerou na proposta de Orçamento de 2016 uma previsão de alta de 1,6% no ano que vem. Para 2016, o BC manteve a estimativa de recuo de 3,3% da economia brasileira.

Segundo o Banco Central, a retomada será puxada pelo setor agropecuário, que sairá de uma queda de 2,2% em 2016 para uma expansão de 3,5%. A indústria, setor que mais sofreu com o período longo de recessão econômica, apresentará um alta de 1,5% no ano que vem. Em 2016, o setor industrial deve apresentar uma queda de 3,3%, de acordo com as novas projeções.

O setor de serviços também terá uma recuperação, na avaliação do BC que consta no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado na manhã desta terça-feira, 27. Pelas novas projeções, o setor de serviços terá crescimento de 0,9%, depois de uma queda prevista de 2,7% em 2016.

O crescimento do PIB em 2017 também será puxado pelo recuperação dos investimentos. A chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) terá uma alta de 4%. A estimativa para esse ano é de queda de 8,7% dos investimentos. A projeção anterior para 2016 era um recuo de 11,6%.

O BC previu ainda que as exportações devem crescer 4,5% em 2017 e as importações de bens e serviços terão alta de 6,0%.

Essas aumentos, diz o BC, estão associados, na esfera das exportações, às perspectivas mais favoráveis para a indústria e para a agropecuária, e relativamente às importações, às projeções de aumentos para o consumo das famílias e para a formação bruta de capital fixo.

A contribuição da demanda interna para a expansão anual do PIB em 2017 deverá atingir 1,6 ponto porcentual. Já a contribuição do setor externo será negativa em 0,3 ponto porcentual.

Consumo

O Banco Central previu uma queda ainda maior do consumo do governo em 2016. A projeção para esse indicador do Produto Interno Bruto (PIB) passou de queda de 0,8% para um recuo de 1,3%. O mudança desse componente fiscal não foi explicada pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Também houve uma piora da previsão de consumo das famílias. O BC passou a projetar uma queda de 4,4% em 2016, ante 4% no relatório anterior. Para o BC, essa alteração é compatível com os processos de distensão no mercado de trabalho e desaceleração do mercado de crédito.

O BC reviu de -11,6% para -8,7% a projeção de investimentos – Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Segundo o BC, essa melhora é compatível com a evolução na absorção de bens de capital e na construção civil.

Política fiscal

O Banco Central ressalta que as previsões do Relatório Trimestral de Inflação ainda dependem de uma importante variável: a evolução da política fiscal. Ao contrário da edição anterior divulgada em junho, o BC não publicou projeção oficial da casa para o resultado primário e o documento cita, apenas genericamente, que a proposta do Orçamento de 2017 prevê redução do déficit e indicação de recuperação gradual nos anos seguintes.

“As projeções aqui apresentadas dependem ainda de considerações sobre a evolução da política fiscal”, cita o RTI divulgado nesta manhã. Em junho, o documento anterior previa déficit primário de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e resultado primário negativo de 0,9% no próximo ano.

O documento divulgado nesta terça lembra apenas que “para 2017, a proposta de legislação orçamentária aponta redução do déficit primário previsto para o período”. Além dessa proposta, o texto menciona ainda que há indicação “para os anos seguintes, de recuperação gradual do equilíbrio nas contas públicas”. Apesar desse parâmetro, não há qualquer número previsto.

Sobre o tema fiscal, o relatório menciona que “os principais efeitos desta política estão associados ao processo de ajuste da economia, que envolve encaminhamento de importantes reformas propostas pelo Governo para apreciação pelo Congresso Nacional”.

O texto é genérico e menciona apenas que “esses efeitos podem ser capturados pelos modelos utilizados para produzir as projeções na medida em que influenciem preços de ativos e expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus”. “Além desses efeitos, a política fiscal influencia as projeções condicionais de inflação por meio de impactos decorrentes de medidas de curto prazo sobre a demanda agregada”, cita o documento.