Balas perdidas

AVAL Barroso, do STF, vai ter que autorizar delação de Pedro Corrêa para perdoá-lo no mensalão
AVAL Barroso, do STF, vai ter que autorizar delação de Pedro Corrêa para perdoá-lo no mensalão

A denúncia contra Lula terá um desdobramento para outros políticos. Ela deve destravar a delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE). Já assinado com a PGR, o documento atinge dezenas de parlamentares, mas ainda não foi homologado pelo STF. Os procuradores da Lava Jato em Curitiba tomaram novo depoimento de Corrêa sobre Lula no início do mês e já se referem a ele como colaborador. A demora no aval do Supremo se deve ao ineditismo jurídico: a delação vai perdoá-lo dos crimes cometidos tanto na Lava Jato como no mensalão. Por isso, terá de ser homologada por dois ministros do STF – Teori Zavascki, relator da Lava Jato, e Luís Roberto Barroso, do mensalão. O acordo prevê parte da pena em regime fechado e, depois, no aberto. Ele já está preso há 17 meses.

Um por vez

A avaliação em Curitiba é de que novas delações só sairão depois de resolvido o caso da Odebrecht, que inclui dezenas de executivos e é tratado como prioridade. Fontes que acompanham a negociação preveem assinatura do acordo com a PGR até outubro. O ex-diretor Renato Duque está ansioso para falar

Como vai?

Lula até escapou de cumprimentar o presidente Michel Temer na cerimônia de posse da nova presidente do STF, Cármen Lúcia, mas deu de cara com outro adversário e não se esquivou de um aperto de mãos: o ministro Gilmar Mendes, que deu decisão liminar impedindo o petista de virar ministro da Casa Civil e é ferrenho crítico do PT.

Japonês da Federal sai de cena

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O agente da Polícia Federal de Curitiba Newton Ishii, conhecido como ‘japonês da federal’, pediu licença de 30 dias do trabalho após repercussão negativa por estar de tornozeleira eletrônica e, ainda assim, conduzir os presos da Lava Jato. Amigos dele apontam inveja de outros policiais pelo destaque que Ishii ganhou. Há possibilidade de a licença ser prorrogada, mas Ishii está perto de se aposentar.

Rápidas

* O ministro Teori Zavascki, do STF, terá que decidir se autoriza reparos em um aparelho Ipad do peemedebista Henrique Eduardo Alves, ex-ministro do Turismo, apreendido em sua residência pela PF. Policiais disseram que o aparelho apresentou “problemas técnicos que o impedem de ser iniciado” e pedem autorização para mandá-lo ao conserto.

* Um dos celulares de Henrique Alves apreendidos também frustrou os investigadores. A última data de sua ativação era fevereiro de 2015, “o que sugere que não estava sendo usado”. Só havia registro de três ligações, todas para telefones fixos da Câmara.

* O procurador-chefe da Procuradoria da República no Ceará, Samuel Miranda Arruda, abriu uma investigação preliminar sobre a denúncia da ISTOÉ acerca da participação da organização criminosa do PCC na corrida por prefeituras, em especial no Ceará.

* Alguns acusados renunciaram às candidaturas, mas outros não se intimidaram. Em Caucaia, o deputado Naumi Amorim (PMB) é acusado de usar milícias para pressionar eleitores. Em Morada Nova, Wanderlei Nogueira (PT) segue na disputa apesar das suspeitas.

Retrato falado
“As manifestações vão crescer quando as reformas chegarem ao Congresso”

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Líder da Rede Sustentabilidade na Câmara e oposição ao governo Temer, Alessandro Molon (RJ) afirma que a tendência é que os protestos se intensifiquem assim que começarem os debates sobre reforma trabalhista e previdenciária entre os parlamentares. Para ele, a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) representou o “enfraquecimento no Centrão” e agora o Palácio do Planalto tem diante de si uma “base muito fragmentada”. “O cenário está imprevisível”, diz o deputado.

Toma lá dá cá

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CELSO PANSERA (PMDB-RJ), DEPUTADO FEDERAL

ISTOÉ: Como ex-ministro de Dilma, qual sua avaliação do início deste governo?
Celso Pansera: O Temer está muito preocupado em atender a agenda do PSDB e perde a sua própria. Essa é a pauta do FHC, que derrotou os tucanos desde 2002. Estamos na contramão de propostas nossas, como a garantia de 10% do PIB ao SUS. Se o PMDB quiser se reeleger, precisa urgentemente adotar uma postura de centro.

ISTOÉ: Mas o PT também perdeu apoio popular.
Celso Pansera: A deslegitimação do governo se dá quando a população não enxerga nele um canal de satisfação de suas necessidades. Juros altos, privatizações e salários congelados trazem isso. O povo quer se sentir bem agora. Quer a retomada dos investimentos, do consumo das famílias.

Falta de educação

Dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo, apenas Fernando Haddad (PT) e Luiza Erundina (PSOL) devem ir ao debate puxado pelo advogado Rubens Naves, do Comitê de Assessoramento da Coordenadoria da Infância e Juventude do TJ-SP. Os outros, Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e João Dória (PSDB), se esquivam e ainda não responderam ao questionário enviado às candidaturas. No documento, as entidades cobram um detalhamento das propostas contra o déficit de 107 mil vagas em creches e pré-escola. A atividade será nesta terça-feira 20. O tema não está bem avaliado na atual gestão de Haddad, que ficou abaixo da meta de creches prometidas.

Nanicos em alerta

A aprovação da PEC da Reforma Política na CCJ do Senado alarmou parlamentares de siglas menores. Para o decano Miro Teixeira (Rede-RJ), “depois das eleições, a reforma virá a 300 km/hora”. Preocupam o fim das coligações e o surgimento da cláusula de barreira de 2% dos votos válidos no país em 2018.

Peixes graúdos

A investigação da Polícia Federal sobre desvios na Arena Pernambuco envolvendo a Odebrecht, alvo da Operação Fair Play, foi enviada ao Supremo Tribunal Federal. Isso porque foram encontrados indícios da possível participação, nas irregularidades, de políticos com foro privilegiado. A PF aponta superfaturamento de ao menos R$ 40 milhões.

Jeito malandro

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Num eventual 2º turno contra o pastor Marcelo Crivella (PRB), peemedebistas apostam que seu candidato à prefeitura do Rio, Pedro Paulo, teria mais chances por dialogar melhor com a “malandragem e alegria” do carioca, do que o tom religioso do rival, que traz  rejeição. Apostam que Marcelo Freixo (PSOL) também levaria vantagem.

Agregando valor

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A tietagem ao deputado federal e comediante Tiririca (PR-SP) se intensificou ainda mais nas eleições. Por dia, ele tem gravado mais de cem mensagens de apoio a candidatos a prefeito e vereador pelo país. O volume é tanto que Tiririca sequer conhece boa parte deles, mas confia nos aliados do partido.

*por Aguirre Talento e Mel Bleil Gallo, interino

Foto: Moreira Mariz/Agência Senado.