“A tendência para o Rio de Janeiro é que, entre brancos, nulos e abstenções, o número chegue a 50% dos votos no segundo turno”. A previsão assustadora, feita para ISTOÉ, é do presidente do Ibope, Carlos Alberto Montenegro. “O Rio deve bater o recorde”, completou ele, frisando que o resultado tem uma explicação. Houve muita baixaria na reta final da campanha eleitoral e o eleitor carioca está desiludido com os políticos. Assim, se no primeiro turno, com 10 opções de candidatos, os cariocas inutilizaram 43% dos votos, no segundo, com a disputa reduzida a dois políticos “e que são tão diferentes como água e azeite”, o número tende a aumentar. Outro fenômeno desta eleição na capital fluminense é que quem desistiu de votar em Marcelo Crivella (PRB) por causa do baixo nível eleitoral, não migrou para Marcelo Freixo (PSOL), e vice-versa. Ou seja, quando um candidato ‘bate’ no outro, quem ganha é a terceira via, de brancos e nulos.

O cientista político e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Geraldo Tadeu Monteiro chega à mesma conclusão. Segundo ele, nos últimos 25 anos, a cidade escolheu para comandá-la candidatos com perfil “mais ao centro” – se referindo a três mandatos de Cesar Maia (com passado de esquerda e, depois, filiado ao extinto PFL/ atual DEM), um de Luiz Paulo Conde (PFL) e dois de Eduardo Paes (PMDB). Agora tem de escolher entre “dois extremos, um mais à direita (Crivella) e o outro à esquerda (Freixo)”, sem opção no meio, no centro. E o que o eleitor está fazendo? Se recusando a optar. “Só isso já seria responsável pelo aumento de brancos e nulos”, diz Monteiro. Por fim, segundo o analista, de 2013 para cá o país vive “um processo de polarização no qual um lado rejeita violentamente o outro.

O Instituto de pesquisa Datafolha comparou o desinteresse do eleitor carioca em votar desde 2008, quando a disputa para prefeitura chegou ao segundo turno pela última vez, ao resultado da última medição na terça-feira 15: as intenções de anular o voto, que eram de 8%, passaram para 19%. Estes números e perspectivas são negativas, principalmente, para a candidatura de Freixo, que está em segundo lugar em ambas as pesquisas. Segundo o Datafolha, Crivela tem 63% e Freixo 37% dos votos válidos, enquanto que o Ibope dá 61% para Crivela e 39% para Freixo.

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