O medalhista de prata da maratona olímpica, Feyisa Lilesa, não retornará à Etiópia mesmo após a garantia de que não seria punido por seu protesto contra a repressão política em seu país, disse seu empresário nesta terça-feira.

“Eu não acredito que haja qualquer forma de ele voltar (para a Etiópia). Existem muitas pessoas que disseram que seria melhor para ele não voltar”, falou à AFP seu agente Federico Rosa.

Rosa, que está na Itália e já é agente de Lilesa há três anos, disse que não sabe exatamente o que seu cliente está pretendendo fazer, após ter ficado no Rio até o fim dos Jogos.

“Eu não posso dizer com certeza porque não falei direito com ele depois da corrida, quando nós trocamos algumas palavras”, disse Rosa.

Relatos sugeriam que o corredor poderia buscar asilo político nos Estados Unidos.

No domingo, Lilesa, que chegou em segundo lugar da maratona, atrás do queniano Kipchoge, cruzou seus braços enquanto terminava a maratona, fazendo um gesto simbólico em protesto à repressão política do regime etíope.

O medalhista de 26 anos repetiu o gesto durante a cerimônia de premiação, dizendo que estava com medo de voltar para casa.

O porta-voz do governo da Etiópia disse na segunda-feira (22) que Lilesa não encontraria nenhum problema caso voltasse para casa, contrariando o que o atleta falou no Rio sobre ser morto ou colocado na prisão.

Rosa disse que o atleta não tinha dado qualquer indicação antes da corrida de que planejava fazer esse gesto.

E desmentiu qualquer sugestão de que seu cliente queria cortar laços com a Etiópia para garantir um contrato lucrativo para correr defender um país árabe em troca de dinheiro.

“Eu perguntei sobre isso e é apenas especulação”, disse o agente.

“Isso foi um ato muito honrado, ele não está à procura de dinheiro ou qualquer coisa assim”.

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