Um novo assassinato e outro caso de estupro comoveram a Argentina nesta quinta-feira, horas depois de uma mobilização cidadã para pedir o fim da violência machista, que em outubro acabou com a vida de ao menos 19 mulheres.

Na quarta-feira em Mendoza, no oeste do país, um homem matou a golpes sua irmã de 35 anos. Ao mesmo tempo, no centro da cidade, mais de 5.000 pessoas clamavam: “Nenhuma a menos!”, confirmou a polícia.

Nessa cidade próxima à cordilheira dos Andes, a população se manifestou várias vezes este ano contra os feminicídios, incluindo os de duas mulheres de vinte e poucos anos, Marina Menegazzo e María José Coni, drogadas e assassinadas durante uma viagem de turismo no Equador, no início de 2016.

Em Mar del Plata, cidade balneária 400 km ao sul de Buenos Aires, onde em 8 de outubro Lucía Pérez foi brutalmente assassinada, outra estudante foi sequestrada e estuprada um dia antes da manifestação maciça de quarta-feira, informaram fontes da promotoria a meios locais.

Trata-se de uma jovem de 19 anos que foi abordada por dois homens com o rosto coberto quando caminhava para o colégio de manhã, em uma zona residencial. Os criminosos a botaram no carro à força e a estupraram.

Lucía Perez, de 16 anos, foi drogada, estuprada e empalada com uma estaca de madeira, o que lhe causou uma dor tão insuportável que ela teve uma parada cardíaca.

O detalhe aberrante do crime de Lucía inspirou uma resposta multitudinária nas ruas, com mulheres vestidas de preto e acompanhadas por muitos homens, conscientes de que a violência machista passou a ser um drama de toda a sociedade. O protesto teve réplicas em ao menos 22 cidades da América Latina e na Espanha.

De acordo com a imprensa argentina, neste outubro foram registrados 19 feminicídios, uma média de um por dia. A grande maioria é de mulheres mortas por seus companheiros ou ex-companheiros.

Dados de organizações feministas como a Associação Civil La Casa del Encuentro revelam que entre 1 de junho de 2015 e 31 de maio de 2016 houve 275 feminicídios.

Outros dados mostraram que na Argentina há 50 agressões sexuais por dia, número que representa uma taxa de estupros de 8,7 para cada 100.000 habitantes.