Passaram-se dez anos desde que o lendário Steve Jobs (1955-2011) apresentou ao mundo o primeiro iPhone, o smartphone da Apple que tinha tela sensível ao toque e unia celular, reprodutor de música e navegador de internet. Desde então, a Apple já lançou outros 14 modelos (considerando as versões S e Plus das sucessivas gerações). Na quarta-feira 12, a empresa anunciou o lançamento de mais três: chegarão às lojas dos Estados Unidos entre setembro e novembro deste ano o iPhone 8, o iPhone 8 Plus e o iPhone X — este, a edição comemorativa dos dez anos do aparelho. Sem grandes inovações disruptivas, a Apple optou por melhorar tecnologias já usadas por concorrentes. Ainda assim, o atual CEO da empresa, Tim Cook, não teve dúvidas em afirmar: Steve Jobs estaria orgulhoso dos novos produtos da marca.

Os lançamentos da semana passada colocam a Apple de volta ao jogo depois de quase seis da morte do gênio que a transformou em ícone da tecnologia e do design. Após Jobs, a empresa pouco inovou ­— e o fantasma da crise permaneceu à espreita. Não que os resultados financeiros decepcionem. O segundo trimestre deste ano fiscal rendeu US$ 45,4 bilhões, com lucro líquido de US$ 8,7 bilhões — um aumento de 11,8% em relação ao mesmo período de 2016. Mas é preciso olhar além. Mais de metade da receita da empresa é gerada pela venda de iPhones, um produto pelo qual a demanda vinha desacelerando. “Quando você analisa a comparação entre o desempenho da Apple e as vendas de smartphones, você percebe que a vantagem da Apple caiu depois da morte de Jobs”, afirma Rodrigo Tafner, coordenador do curso de Tech da ESPM. “Na gestão de Tim Cook, a Apple cresce porque está acompanhando o mercado e não porque está gerando valor para o consumidor.” Há também uma mudança mercadológica, com a entrada de consumidores de classes sociais mais baixas. “Tecnicamente, a grande vantagem da Apple é a experiência que ela cria dentro do ecossistema, quando se tem o iPhone, iPad, Apple TV, mas quanto custa ter tudo isso?”, questiona Tafner.

HOMENAGEM  Para Tim Cook, atual CEO da Apple, Steve Jobs estaria orgulhoso (Crédito:Divulgação)

“O iPhone X mostra o caminho escolhido pela Apple: houve pouca mudança no design, mas o foco está na tecnologia”
Guilherme Pereira, diretor de inovação da FIAP

MUDANÇA DE RUMO

Entre as novidades anunciadas por Cook há algo além de iPhones: um novo Apple Watch e a Apple TV com qualidade 4K HDR. As versões anteriores do relógio, lançado originalmente em 2014, só acessavam a internet se estivessem ligadas a uma rede Wi-Fi ou sincronizadas com o aparelho. Agora, com a possibilidade do chip 4G — já disponível em aparelhos de marcas concorrentes, como a LG —, será possível utilizar o relógio sem carregar o iPhone por aí. Já a Apple TV 4K será capaz de transmitir vídeos com resolução equivalente a quatro vezes a Full HD para televisores compatíveis, tecnologia já usada por concorrentes como a Roku e a Amazon.

EXPECTATIVA Os novos iPhones: reconhecimento facial abre novas possibilidades (Crédito:Stephen Lam)

Os novos smartphones também trazem novidades. Agora são feitos inteiros de vidro e permitem a recarga de bateria sem fios – tecnologia já utilizada pela concorrente Samsung. Houve também mudanças nas câmeras: a traseira, de 12 megapixels, é capaz de capturar 83% mais luz. Segundo a Apple, o iPhone 8 e o iPhone 8 Plus também são otimizados de fábrica para trabalhar com realidade aumentada. A grande novidade, no entanto, foi a apresentação do iPhone X, um smartphone de tela infinita, sem botão “home” e com tecnologia de reconhecimento facial que vai permitir o uso de emojis animados e do desbloqueio de tela. “O iPhone X mostra o caminho escolhido pela Apple: houve pouca mudança no design, mas o foco está na tecnologia”, afirma Guilherme Pereira, diretor de inovação da FIAP. “A tecnologia de reconhecimento facial e o processador usado para isso abrem uma gama de possibilidade para os desenvolvedores.” O futuro da Apple, segundo o especialista, não está no design. “Há alguns anos, a Apple comprava processador, hoje os desenvolve. Podemos ver grandes mudanças estéticas nos próximos lançamentos, mas o futuro da marca está na tecnologia”.

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Apple Watch Series 3

Cores: preta, cinza e dourada
Processador: dual-core, 70% mais rápido
Bateria: capacidade de bateria para até 18 horas
Wi-fi: chip permite conexões 85% mais rápida
Preço: US$ 399
Data de lançamento: 22 de setembro (Estados Unidos)

Display: Retina HD de 4,7 (iPhone 8) e 5,5 polegadas (Plus) com tecnologia True Tone, que ajusta o balanço de cores com a luminosidade do local
Câmera traseira: 12 Megapixels, com sensor capaz de capturar 83% mais luz e novo recurso de câmera lenta
Processador: A11 Bionic de seis núcleos, até 70% mais rápido que a versão anterior
Cores: “space gray” (cinza), “silver” (prata) e “gold” (dourada)
Opções de armazenamento interno: 64 GB e 256 GB
Preços: de US$ 700 (iPhone 8, 64GB) a US$ 950 (iPhone 8 Plus, 256 GB)
Data de lançamento: 22 de setembro (Estados Unidos)


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