Nova York, 28/07 – A oferta acima da demanda está impedindo a recuperação dos preços dos ovos nos Estados Unidos. Com isso, o setor enfrenta dificuldades para retomar os negócios, dois anos após a pior epidemia de gripe aviária do país, que devastou os plantéis norte-americanos.

Os avicultores norte-americanos conseguiram retomar a produção de ovos desde a epidemia de influenza aviária, mas a demanda ficou estagnada. Alguns consumidores que migraram para opções alternativas ainda não retornaram. Os preços dos ovos atingiram os menores níveis em quase uma década, situação que alegra os compradores, mas esmaga as margens de indústrias e produtores do setor.

“Não esperamos nenhuma recuperação significativa enquanto não houver uma melhora na balança de oferta e demanda”, disse Dolph Baker, CEO da Cal-Maine Foods Inc., maior fornecedora de ovos dos EUA, em volume de vendas.

Na segunda-feira, 24, a companhia culpou os baixos preços dos ovos para justificar seu primeiro prejuízo anual em mais de uma década. Segundo a empresa, o preço médio dos ovos vendidos aos seus clientes recuou 42% na comparação com o ano passado.

O preço médio que os consumidores dos EUA pagaram por uma dúzia de ovos no mês passado caiu para US$ 1,33, 48% abaixo ante o valor médio há dois anos, de acordo com dados do governo. “Isso é histórico”, disse Brian Moscogiuri, analista que acompanha o mercado de ovos para a Urner Barry.

No início da década, o setor foi fortemente sustentado pelo crescente apetite dos consumidores por proteínas para o café da manhã nas cadeias de restaurantes. Mas a influenza aviária obrigou o país a abater 34 milhões de galinhas em 2015, o que levou os preços a dispararem e, com isso, incentivou a reformulação dos plantéis nos meses seguintes.

Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), a população de galinhas poedeiras atingiu um recorde de 319 milhões em dezembro de 2016. A população de galinhas diminuiu desde então, mas a produção de 7,5 bilhões de ovos registrada em junho ainda está bem próxima do recorde de 8 bilhões do ano passado.

A demanda por ovos, na contramão, não tem acompanhado o mercado produtor. As exportações de ovos nos Estados Unidos subiram neste ano, mas permanecem abaixo dos níveis observados antes do início dos casos de influenza aviária.

Compradores como o México e o Canadá começaram a importar ovos de fornecedores alternativos ou aumentam sua produção interna. Segundo o Usda, os EUA exportaram o equivalente a 170 milhões de dúzias de ovos no ano passado, 55% menos do que as 375 milhões de dúzias embarcadas em 2014.

Alguns fabricantes de alimentos dos EUA, como padarias e outras empresas que usam ovos, também estão demorando a retomar o consumo do produto. Os preços elevados tinham obrigado esses empresários a reformular suas receitas, substituindo o ovo por ingredientes como a soja ou proteína de soro de leite, ou simplesmente fazer as receitas com menos ovos. Fonte: Dow Jones Newswires.